Desenvolver uma boa comunicação dentro do condomínio é indispensável na busca pela harmonia entre os moradores. Além disso, uma comunicação precisa e certeira evita processos judiciais, que podem trazer uma conta cara e o dinheiro para pagar sai direto do bolso dos condôminos. O síndico é quem comanda esse processo e para obter sucesso precisa dar as mãos ao bom senso.

Segundo o psicólogo Vitor Luz, a comunicação é o segredo de todas as relações. “Quando observamos como os povos antigos se comunicavam e como esse processo veio evoluindo, podemos aprender muito com isso. Existe uma premissa básica que diz que “Comunicação não é o que falamos, mas sim o que o outro compreende”, então devemos ter muito cuidado e refinar nossos processos de comunicação”, alerta o psicólogo.

Tatiana Tomzhinsky é advogada especialista em direito condominial com vasta experiência e, segundo ela, é muito comum perceber falhas de comunicação nos condomínios. “Em todos os relacionamentos, em algum momento, irá haver uma falha na comunicação. Principalmente em um condomínio, onde convivem pessoas com estilos de vida, cultura e valores diferentes, nem sempre as pessoas possuem empatia e tolerância. Não se colocam no lugar do outro, não conseguem se expressar plenamente, e é ai que surgem os conflitos”, relata a especialista.

Se um condômino intercepta o síndico no hall do condomínio querendo saber a respeito do que ficou decidido na última assembleia e o síndico, naquele dia em especial, está atrasado para uma reunião importante no seu trabalho e acaba por responder vagamente, desatento e apressado, um problema pode ser gerado a partir deste acontecimento.

O condômino ficará com uma má impressão e poderá fazer uma juízo errado, passando a acreditar que o síndico está escondendo alguma coisa ou que se acha importante demais que não pode parar para esclarecer a dúvida de um morador e, desta forma, inicia-se um conflito.

“Da mesma forma, haverá falha na comunicação quando o síndico não conseguir alcançar todos os moradores e as informações relativas ao condomínio não forem amplamente divulgadas”, diz Tatiana acrescentando que outra questão frequente são circulares informativas mal redigidas, com palavras que podem ser mal interpretadas e também causam confusão.

“Em um condomínio, onde convivem pessoas com estilos de vida, cultura e valores diferentes, nem sempre as pessoas possuem empatia e tolerância”

Tatiana Tomzhinsky – Especialista em Direito Condominial

Para Vitor Luz, psicólogo, relacionar-se bem é uma escolha que podemos fazer todos os dias. “Principalmente ao cruzarmos com o vizinho no corredor, segurar a porta do elevador, cumprimentar o porteiro e ser gentil com a equipe da limpeza. Uma comunicação clara é primordial para um bom relacionamento, afinal de contas, ninguém gosta de perder tempo”.

Quando não há uma boa comunicação dentro do condomínio, ocorrem erros, mal entendidos que levam a conflitos podendo, inclusive, prejudicar a segurança do condomínio. “Quando a comunicação entre o síndico, moradores e funcionários é boa, consequentemente isso irá refletir nos relacionamentos entre todos, criando um ambiente harmônico e agradável para se conviver”, explica Tomzhinsky.

O prejuízo mais grave que o condomínio pode sofrer por falta de comunicação, segundo Tatiana, é a segurança. “A entrada de pessoas no condomínio, tanto de moradores, quanto prestadores de serviços ou visitantes traz vulnerabilidade para a segurança. Se houverem falhas na comunicação entre portaria e moradores ou no armazenamento dessas informações o risco será altíssimo”, esclarece.

Quem tem a missão de incentivar a boa comunicação é o síndico. “Boa comunicação é um papel de todos, sem exceção. O síndico deve dar o exemplo e inspirar o espirito colaborativo. As vezes no mural de avisos só encontramos cobranças, informes sobre reformas e críticas aos comportamentos inadequados de alguns moradores. Não me recordo de uma mensagem de bom dia, uma boa reflexão ou sugestões de boa convivência. Se desejamos que o mundo mude, devemos começar plantando hoje”, incentiva o psicólogo Vitor Luz.

O síndico foi uma pessoa eleita para gerir administrativamente as demandas de um condomínio específico, mas é papel de todos comunicar-se de forma acessível e respeitosa. “As vezes as reuniões de condomínio são tão extensas, improdutivas e hostis, que os moradores acabam evitando se fazer presente. Objetividade, clareza, respeito e generosidade nunca saem de moda, devemos praticar”, opina Vitor Luz.

“O Síndico é o responsável por estabelecer a comunicação entre todos e deverá buscar resolver as divergências porventura existentes. Ele deverá estar aberto para conversar com todos os moradores e, também, para funcionar como mediador nos conflitos existentes entre os condôminos, ouvindo as partes envolvidas e facilitando o diálogo e o entendimento, sempre de forma imparcial”, orienta a advogada Tatiana Tonzhinsky.

“Uma comunicação clara é primordial para um bom relacionamento, afinal de contas, ninguém gosta de perder tempo”

Vitor Luz – Psicólogo

Bons exemplos

Mas é possível encontrar bons exemplos de comunicação em condomínio. Há seis anos advogando apenas para condomínio, a advogada Tatiana Tonzhinsky conhece alguns casos.

“Um síndico, assim que assumiu, atualizou o cadastro de todos os proprietários e moradores com e-mail, telefone e endereço no caso dos proprietários que não residiam no condomínio. Ele passou a enviar as circulares informativas para o e-mail dos condôminos, para o grupo whatsapp do condomínio e a imprimir e coloca na caixa de correio e nos elevadores”, narra Tatiana.

Esse síndico criou o grupo de Whatsapp, mas somente adicionou quem tinha interesse e pediu para participar. Deixou bem claro para os membros que somente seriam tratados assuntos de interesse do condomínio e ainda solicitou que evitassem postar as chamadas “correntes”, mensagens de bom dia, vídeos ou piadas no grupo.

“Além disso, esse síndico faz pesquisas de opinião acerca da forma como o condomínio está sendo administrado, melhorias que foram feitas e que precisam ser feitas e acerca de todos os assuntos do condomínio. Os moradores se expressam em um livro próprio, deixado na portaria. Esse artifício tem se mostrado muito útil e efetivo”, conta a advogada.

O psicólogo Vitor Luz lembra que relacionamento é a chave da comunicação. “Quando percebemos as diferenças como verdadeiras oportunidades, avançamos 10 casas neste jogo da vida que requer cooperação, generosidade e colaboração. Ser diferença é bom e pode agregar muito valor quando decidimos aceitar o outro como ele é”.

Otimizando a comunicação

Como tudo na vida, sempre dá para melhorar o que não está funcionando bem. Sendo assim, o síndico pode ser o responsável por promover uma boa comunicação dentro do seu condomínio. “Para uma comunicação ser assertiva, o síndico precisa entender qual o seu público”, diz o Vitor Luz. É importante que o síndico aja de forma mais atuante, enviando as circulares informativas através dos meios mais convinientes.

Já se houver uma falha na comunicação, a dica que a especialista em direito condominial, Tatiana Tomzhinsky deixa para os síndicos é buscar ouvir mais os anseios e reclamações dos condôminos, estar aberto a sugestões e até mesmo às críticas construtivas. “É necessário dar maior atenção àqueles que estão a sua volta e tratar a todos com respeito e gentileza, pois como diz o dito popular: gentileza gera gentileza”.

O problema na comunicação também pode ser entre os condôminos. Nesses casos, o síndico deve atuar como mediador de conflitos, ouvindo com atenção as partes envolvidas e buscando um diálogo. “O síndico deve conscientizar os litigantes acerca da necessidade de harmonização, já que todos vivem em uma coletividade e será necessário o convívio diário”, orienta Tatiana.

Os próprios condôminos também devem estar em uma busca constante pelo bom relacionamento com os seus vizinhos a fim de gerar harmonia dentro do seu lar (o condomínio). O psicólogo Vitor Luz reforça que “se desejamos um novo ambiente onde moramos, devemos ser essa mudança. Pequenas ações ao longo dos dias permitem grandes sucessos”.