Adriana Varejão na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário em Cachoeira (BA) | Fonte: Vicente de Mello

No tempo em que circular pelo país com manifestos artísticos é uma tarefa quase impossível, a artista visual Adriana Varejão descentraliza o acesso à sua produção, em exibição inédita na capital pernambucana. A mostra Adriana Varejão – Por uma retórica canibal, fica em cartaz até 8 de setembro deste ano, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM). A exposição apresenta um panorama das obras da artista carioca.

Com um conjunto de 25 obras, realizadas entre 1992 e 2018, a mostra reúne pinturas, instalações,  objetos de azulejaria e recriação.

Ruína de Charque, Porto (2002). | Fonte: Jeff McLane/Divulgação

Em diálogo com a construção do patrimônio cultural, no sentido de que sublinha obras de valor artístico e histórico, Varejão compõe o seu repertório a partir de algumas imagens presentes em edificações históricas, como o altar da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, a azulejaria do Convento de Santo Antônio, ou mesmo o teto da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

De acordo com o texto informativo, o recorte curatorial da exposição representa como, muito antes dos estudos pós-coloniais estarem no centro do debate da arte contemporânea, a artista já desenvolvia a pesquisa centrada na revisão histórica do colonialismo e a formação de imaginários e noções históricos. A responsável pela curadoria é Luisa Duarte.

O ouro e os anjos – muitos deles presentes em igrejas barrocas no Brasil -, saem de cena para formar um corte carnal, que aponta a cultura marcada por uma miscigenação por vezes violenta.

No diálogo com o passado, a mostra apresenta histórias ocultas, com influências do barroco, da azulejaria, da iconografia da colonização, da história da arte e religiosa, do corpo à cerâmica e dos mapas à tatuagem.

A mostra segue em itinerância por outras cidades fora do eixo Rio-São Paulo.