Quando se imagina um encontro de 10 casais de diversos estados brasileiros, o primeiro motivo que vem a mente é uma reunião de negócios. Mas não é sempre assim. Desta vez, estas 20 pessoas estão unidas por uma paixão: a aventura sobre quadriciclo.

Formado através de amigos em comum, o grupo liderado pelo empresário Leandro Ibagy, que já realizou vários circuitos pelo país, este ano apostou alto e fez a primeira viagem internacional para conhecer parte do Canadá de quadriciclo com a temperatura a quase zero. Ao todo, foram 1.400 quilômetros percorridos em cima do quadriciclo.

Este passeio foi disputado. O grupo é grande, são quase 30 casais, mas apenas os 10 primeiros casais tiveram a oportunidade de desfrutar por quinze dias de uma experiência indescritível, oito deles num quadriciclo acompanhados por dois guias, um francês e um canadense.

Os aventureiros passaram a primeira noite em um hotel que era uma cervejaria e aproveitaram o reencontro para, além de matar a saudade, degustar vários tipos de cervejas de fabricação própria.

“No dia e na hora determinada, estávamos todos ali, juntos. E, a partir daquele momento, passamos todo o tempo juntos. Passeios, hotéis, refeições, perrengues, aventuras”, comentou o empresário Nilo Zampieri Jr.

Nos quadriciclos e de malas acomodadas, cada casal tinha o seu que, em geral, era pilotado pelos homens. Havia pessoas de todas as idades, mas todos dispostos a enfrentar o prazer e os percalços de uma aventura.

“É muito bacana ver que mesmo em um passeio longo e desgastante, um casal de 75 anos mostrou toda a disposição e vigor para desbravar o lugar. É uma lição de sabedoria e qualidade de vida que deixa o exemplo a cada passeio”, diz o empresário.

Encasacados e protegidos de uma sensação térmica próximo ao zero grau, o grupo era destemido e não se curvou à iminência de perigo. Assinaram termo de responsabilidade para percorrer uma trilha habitat de ursos selvagens e caçadores.

Na memória, imagens marcantes, paisagens exuberantes e algumas peripécias. “Mesmo sabendo da rigidez das regras canadenses, vi um barquinho ancorado no píer do lago do hotel e resolvi pegar emprestado. Eu tenho habilitação, sei operar, liguei o motor e dei uma volta pelo lago. De repente, vi todos os meus amigos e os instrutores desesperados me pedindo para voltar. Todos preocupados com o perigo real de um iminente ataque de algum animal selvagem”, explicou Nilo, acrescentando que um colega mais corajoso pegou um caiaque, virou e caiu no lago gelado. “Pense!”

A partir do momento em que montou no quadriciclo, aquele passou a ser o único meio de transporte da turma. Todo o trajeto entre hotéis era feito naquele veículo. E no translado de um ponto a outro, sempre algo que marcasse o momento. “São situações que se vive e se leva consigo para o resto da vida. Em determinado ponto, encontramos trilhas de ursos, cabanas de caçadores e indígenas. É uma experiência indescritível”, salienta.

Um almoço inusitado, parada de caçadores, comida de caçadores. “Algo que não sei explicar com palavras. Comidas misturadas. Típica deles, mas incomível para nós. Foi um dia difícil. Mais uma refeição não feita. Nenhum de nós conseguiu comer aquilo. Acabei com um pão com salsicha que só consegui comer porque tinha um catchup no bolso”.

Para Nilo Zampieri Jr, o espirito aventureiro é algo sublime. “Sempre é a sensação da primeira vez. Sempre único, especial e diferente. É como se estivesse descobrindo algo. É o encantamento, a emoção e adrenalina do inesperado, o desafio do novo”.

O empresário conta também que a paixão pelo quadriciclo é um desmembramento de seu instinto aventureiro. “Sempre gostei de fugir do lugar comum. Pular de paraquedas, andar de jet-ski, o prazer e perigo numa linha tênue me atrai”, diz.

A rotina é programada. Todos os dias, após o café da manhã, os aventureiros saiam para descobrir novos horizontes. E sempre chegam ao destino no fim do dia. “Não tinha percurso máximo ou mínimo, fazíamos de acordo com os obstáculos encontrados no caminho. E sempre parávamos para almoçar em algum lugar típico e ‘disponível’ no caminho”.

Aventura de quadriciclo é sempre passeio rústico. Em alguns, o motor quebra; em outros, o pneu rasga. “Mas no Canadá não houve nenhum imprevisto deste nível”, informou Nilo Zampieri Jr, acrescendo que o próximo destino “é provavelmente, outra vez, o nordeste brasileiro”.