Em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 05 de julho como o Dia Mundial do Meio Ambiente. A cada ano a luta pela preservação dos recursos naturais aumenta e atualmente existe uma grande preocupação em torno dos impactos negativos da ação do homem sobre o meio ambiente.

Essa preocupação agora também atinge condomínios, pois alguns edifícios novos já nascem com o conceito de edifícios verdes. As unidades habitacionais são entregues com medidores individuais de consumo de água e gás e sensores de presença em todas as áreas comuns.

Alguns contam também com sistema de captação e reuso de água da chuva, espaços destinados para separação do lixo por categoria (orgânico, papel, vidro, alumínio e plástico), além das já bastante conhecidas e utilizadas placas coletoras de energia solar para as áreas comuns.

À imprensa, o engenheiro e vice-presidente do Secovi-SP, Adalberto Cavalcanti garantiu que qualquer edifício pode ser adaptado, mesmo os mais antigos. Porém, apesar dos redutores serem acessórios de baixo custo, é recomendável que sua instalação nos apartamentos tenha aprovação em assembleia.

“A individualização é um processo mais complexo, que exige obras civis, pois é preciso unificar as prumadas de água nos apartamentos. Porém, as tecnologias evoluíram e hoje já é possível medir remotamente o consumo de cada apartamento. Ou seja, não é necessário que o leiturista entre na unidade. Os sistemas de medição remota mais utilizados são o por telemetria ou por radiofrequência. Além de promover a economia de água e uma relação mais justa no pagamento da conta pelo consumo de cada unidade, a individualização permite localizar mais rapidamente vazamentos e picos de consumo”, explicou o engenheiro à imprensa.

Em Algumas cidades brasileiras a Justiça já obriga novos prédios a oferecerem a medição individualidade. Em Recife e Olinda, foi sancionada no início de 2002 uma lei que obriga todo novo prédio construído a oferecer a medição individual.

Também há leis para medição individualizada em novos prédios no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Goiânia e Brasília. Em São Paulo, a Lei 14.018/2015 dá um prazo de 10 anos para as construções antigas se adequarem.

E além de ajudar o meio ambiente, individualizar o consumo de água pode significar economia. Quando condôminos começam a ver quanto consomem mensalmente, passam a economizar.

Vida Água

A água é essencial para a vida, mas não é novidade que a cada ano ela se torna mais escassa em todo o mundo. Grande parte da culpa pode ser atribuída ao uso desregrado e sem consciência. Segundo a ONU, 110 litros de água por dia são suficientes para uma pessoa ter suas necessidades básicas atendidas. No Brasil, entretanto, os habitantes consomem mais de 163 litros diariamente.

Vivendo em condomínio verde ou não, algumas mudanças de postura de consumo são essenciais para que a água do planeta não acabe.

Separamos algumas dicas especiais que, se aplicadas, somarão na luta pela preservação do meio ambiente.

1) Não tome banhos demorados! Cinco minutos são suficientes para um bom banho. Cada minuto de ducha equivale a cerca de 20 litros de água gastos, dependendo do chuveiro.

2) Se você identificar que alguma torneira da sua casa ou apartamento está pingando, conserte imediatamente. Esse tipo de desperdício pode chegar a 2 mil litros por mês. Lembrando que nessas situações, apertar a torneira pode desgastar a arruela e agravar o vazamento.

3) Quando estiver escovando os dentes ou fazendo a barba, feche a torneira. Uma torneira aberta desperdiça 80 litros de água em 5 minutos. Por isso, só abra quando realmente for usar.

4) Se o seu vaso sanitário tiver a opção, use meia descarga no banheiro sempre que for apropriado. Você pode economizar cerca de 8 litros de água por descarga.

5) Sempre que for utilizar uma toneira ou chuveiro na opção “quente” ou “morna”, guarde em uma jarra ou balde a água fria que sai até esquentar. Você pode regar plantas e economizará cerca de 4 litros cada vez que fizer isso.

6) Na hora de utilizar a máquina de lavar roupas, não faça várias lavagens com poucas peças, use sempre a capacidade total. Reduzir o número de lavagens pode gerar grande economia. Modelos com abertura superior, por exemplo, chegam a usar 240 litros por lavagem.

7) Reutilize a água da sua máquina de lavar roupa para lavar a calçada.

8) Antes de lavar deixe os pratos, panelas e talheres de molho. Ao lavar, enxágue na pia cheia de água em vez de sob a toneira. Você pode economizar 15 litros por minuto.

9) Quando for lavar o carro, use balde e esponja no lugar da mangueira. Se ao final da lavagem você tiver utilizado até seis baldes, a economia chegará a 150 litros.

10) Aproveite a água da chuva para uso não potável. Ela pode servir na hora de lavar o quintal, regar plantas ou em descargas.

11) Acostume-se a usar a vassoura no lugar da mangueira na limpeza da calçada ou quintal da sua casa. A mangueira, quando ligada por 15 minutos, gasta cerca de 280 litros de água.

12) Opte por ter no seu jardim ou varanda plantas que consomem menos água, como cactos e suculentas. Além de darem menos trabalho, não exigem uso de produtos químicos na manutenção.

13) As plantas absorvem mais água em horários quentes, por esse motivo regue-as pela manhã, final do dia, ou ainda pela noite. Isso evita a perda por evaporação. Dê preferência aos regadores em vez da mangueira.

14) Evite ao máximo desperdiçar água da piscina. As grandes devem ter água tratada para não precisar que seja feita troca, e devem ser cobertas com lona se não estiverem sendo utilizada, a fim de evitar a evaporação. É aconselhável manter a linha d’água 10 a 15 cm abaixo do nível das margens para evitar transbordamento.

15) Esteja sempre atento se equipamentos como vaso sanitário necessitam de reparo. Um vaso que segue vazando mesmo depois de esvaziar, por exemplo, dependendo do tamanho do problema, podem ser desperdiçados até 200 mil litros de água em um ano. Canos e torneiras também devem ser verificadas com frequência.

Consumo de energia consciente

Ficar atento ao consumo consciente de energia, assim como da água, tem muita importância. Além de uma questão de cidadania, essa economia evita desperdícios, o que contribui para o abastecimento do mercado brasileiro de energia elétrica.

Uma medida já utilizada em muitos prédios é a instalação, nas áreas comuns, de equipamentos com sensores de presença, que acionam a iluminação ao detectar a presença de alguém ou algo em movimento.

O Manual do Uso Racional de Energia Elétrica editado pelo Secovi-SP dá um exemplo de economia gerada com instalação de sensor de presença em garagem: uma garagem subterrânea com 20 vagas e iluminada por 15 lâmpadas incandescentes de 60 watts, funcionando das 18 às 6 horas, consome mensalmente 324kWh. Com instalação de sensor de presença, o consumo cai para 108kWh, o que significa uma redução de 67%.

Alguns cuidados individuais são importantes. Utilizar o chuveiro elétrico por menos tempo, com banhos mais curtos, de no máximo cinco minutos, com a temperatura morna selecionada durante o verão já contribui.

Também é importante não deixar portas e janelas abertas em ambientes com ar-condicionado ligado, além de manter os filtros limpos e diminuir ao máximo o tempo de utilização.

Quem nunca abriu a geladeira e ficou pensando o que queria pegar? Apesar de ser uma atitude comum, está errada. Só deixe a porta aberta pelo tempo que for necessário. Nunca coloque alimentos quentes dentro da geladeira e deixe espaço para ventilação na parte de trás da geladeira. Verificar as borrachas de vedação regularmente também é importante.

Passar roupas consome muita energia. Quando for fazer isso, junte todas as suas roupas para passar de uma só vez e nunca deixe o ferro ligado enquanto faz outra coisa.

Compromisso com o lixo

Já a produção de lixo não pesa no bolso dos condôminos. Porém, é preciso conscientização para entender que reduzir o lixo é responsabilidade de todo cidadão. Uma garrafa de vidro leva mais de mil anos para se degradar. Um pote de sorvete demora centenas de anos. Já o pneu, leva um tempo indeterminado para decompor. Se, de um lado o consumo desenfreado destes e outros produtos têm produzido lixo em excesso. Do outro, o mundo levantou a bandeira da sustentabilidade.

Reduzir, reciclar e reutilizar são os mandamentos do reaproveitamento de lixo. Neste sentido, um dos caminhos para alcançar o objetivo é a coleta seletiva de resíduos para diminuir o impacto da produção de lixo no meio ambiente. Mas como aplicar no condomínio?

A coleta seletiva é um meio de separação de resíduos através de lixeiras coloridas, que indicam o tipo de material que deve ser colocado em cada uma delas. De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a Resolução 275 estabelece um padrão de cores: azul – papel e papelão; vermelho – plástico; verde – vidro; amarelo – metal; preto – madeira; laranja – resíduos perigosos; branco – resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde; roxo – resíduos radioativos; marrom – resíduos orgânicos; e cinza – resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação.

Mas em condomínio geralmente são utilizadas apenas cinco lixeiras coletoras para separar os resíduos mais corriqueiramente utilizados no âmbito doméstico – vidro, papel, metal e plástico e resíduos orgânicos.

Para implementar a coleta seletiva em condomínio é preciso elaborar, infraestrutura adequada, um projeto e definir uma equipe responsável. Assim, o primeiro passo é preparar a espaço para armazenamento dos resíduos – é preciso ficar atento a escolha do local e a forma como estes recipientes serão armazenados para evitar doenças e o desconforto do mau cheiro. “Sem uma infraestrutura apropriada fica inviável a implementação do sistema de coleta seletiva eficiente”, explica a engenheira agrônoma e ambiental Marta Teresa.

Modismo?

O meio ambiente está protegido constitucionalmente. Dessa forma, é imprescindível que os condomínios exerçam esse papel de conscientização e responsabilidade, para que mais tarde o síndico não seja responsabilizado civil, criminal e administrativamente por eventuais danos ocasionados ao meio ambiente.

Mais do que isso, ser consciente ao consumir qualquer recurso natural é muito mais que uma obrigação legal, é uma obrigação social e de consciência.