Mais de 8 milhões de pessoas viviam em áreas com risco potencial de enchentes e deslizamentos de terra, em 2010, em 872 municípios no país. Foi o que revelou o estudo inédito População em Área de Risco no Brasil, divulgado hoje pelo IBGE. Salvador foi a cidade com maior concentração de pessoas nessas condições, 1,2 milhão, que equivale a 45% de sua população. São Paulo, com 674,3 mil moradores e Rio de Janeiro, com 444,9 mil, ocuparam a segunda e terceira colocações no ranking, seguidos por Belo Horizonte e Recife.

Resultado de um acordo de cooperação técnica assinado em 2013 entre o IBGE e Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), o estudo faz parte do esforço multisetorial de se evitar tragédias como a ocorrida em janeiro de 2011, em municípios da região serrana do Rio de Janeiro, e que resultou na morte de mais de 900 pessoas, afetou mais de 300 mil moradores da região, e causou perdas econômicas da ordem de R$ 4,8 bilhões.

Segundo o coordenador de Geografia do IBGE, Claudio Stenner, as características geomorfológicas de Salvador adicionadas à alta concentração de população colocam a capital baiana como primeira no ranking de população em risco. “A cidade tem morros e vales, então a ocupação se dá nas encostas, que estão sujeitas a deslizamentos, e nos vales, onde há possibilidade de alagamentos. As áreas menos favoráveis são as que restam para as populações com piores condições socioeconômicas”, explicou.

O estudo mostra que 9,2% da população em áreas de risco eram crianças menores de cinco anos e 8,5% idosos com 60 anos ou mais. Na região Norte, 13% da população em áreas de risco era integrada por crianças menores de 5 anos e 6% de idosos. No Nordeste, a população vulnerável era constituída por 9,1% de crianças e 8,4% de idosos. Já no Centro-Oeste, eram 9,7% crianças e 8,4% por idosos, e no Sul, a população em área de risco tinha 8,7% de crianças e 9,7% idosos.

Segundo a diretora em exercício do CEMADEN, Regina Alvala, a identificação de crianças e idosos é fundamental pois são considerados grupos etários mais vulneráveis a desastres. “Crianças, idosos e pessoas com deficiência devem ser prioridade em caso de acidentes, quando emitimos alertas por meio da defesa civil dos municípios”, afirmou.

Segundo Claudio, o trabalho do IBGE consistiu em criar uma metodologia que combinou a base territorial utilizada pelas pesquisas do instituto com os dados do Censo Demográfico 2010. Com isso, foi criado um novo recorte territorial, denominado Base Territorial Estatística de Áreas de Risco (BATER).

“A cooperação do IBGE com o CEMADEN gerou um produto novo, agregando conhecimentos das duas instituições e que vai ser de grande valia para políticas públicas que reduzir a população em área de risco no país. Terá o papel de salvar vidas, concluiu o gerente Claudio Stenner”.