A combinação das palavras ‘crescer na crise’ é o sonho de qualquer empreendedor. Mas a realidade da maioria diante da crise é o pesadelo da recessão. Achar a fórmula ideal para o perfil da empresa e desviar das barreiras encontrados no percurso é um desafio que perpassa as inovações tecnológicas e os talentos humanos que compõem a empresa.

Gerir mudanças e transformar a crise em oportunidade é uma estratégia do mercado. O mundo corporativo exige respostas imediatas. Mas a atitude certa depende de uma avaliação sensível e criativa dos cenários interno e global. “A crise provoca uma oportunidade ímpar ao gestor, pois é o momento de reavaliar e enfrentar aquilo que já sabe precisar de intervenção e que, de certa forma pela correria do dia a dia, não faz. E também de explorar de maneira mais competente e eficaz os pontos positivos da gestão”, acredita o engenheiro eletrônico e consultor em planejamento estratégico e gestão há mais de 25 anos Noaldo Dantas.

Com a mudança veloz de comportamento do consumidor e a necessidade de uma gestão mais dinâmica, é fundamental para o gestor estar tecnologicamente antenado para manter a competitividade de mercado. “É interessante fazer uma reflexão sobre o entendimento do que é tecnologia. Normalmente quando se fala em tecnologia, a gente pensa em algo mais voltado para TI, mas o termo significa um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas para resolver problemas”, explicou Noaldo Dantas.

“A crise provoca uma oportunidade ímpar ao gestor”

Noaldo Dantas, consultor em planejamento estratégico e gestão

Para o engenheiro as mudanças são revolucionárias. “As mídias sociais mudam o comportamento do empresário e do consumidor. Se antes tínhamos as mídias televisiva e impressa de custo mais elevado e de papel indiscutível, a mídia virtual surge como uma alternativa de baixo custo e enorme capacidade de mensuração. É possível criar uma anúncio virtual e saber, por exemplo, quantas pessoas acessaram e qual o perfil e se foi uma ideia acertada. Ou seja, enquanto a mídia televisiva/impressa pode ser um tiro de canhão em passarinho, a mídia virtual é um tiro certeiro no público determinado. É preciso repensar nos conceitos de marketing”.

Publicidade digital

Segundo Ramatis Haywanon da Costa, sócio da agência publicitária Six Propaganda e presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade em Alagoas (Abap AL), o mercado publicitário está em constante evolução.

“Primeiro eram apenas placas de rua e jornal. Depois veio o rádio e em seguida a televisão. E o mercado publicitário sempre liderou estas transformações e guiou o mercado anunciante rumo às oportunidades que cada nova mídia trouxe. Nas últimas duas décadas os formatos se multiplicaram, e a internet e as redes sociais são apenas mais duas destas plataformas. O próximo passo é a Internet Das Coisas. Estamos sempre investindo em inovação e educação de nossas equipes para que os clientes possam investir com segurança em cada uma dessas plataformas, sejam digitais ou não”, explicou o publicitário.

Para a empresária Solange Syllos, a internet mudou a forma como as pessoas se comunicam. “No mundo corporativo, a comunicação mudou. A experiência de fazer negócios mudou. O gestor entende o perfil do seu cliente de forma clara, não mais com dados superficiais de antes como idade, sexo, estado civil. Mas agora pensa em seus anseios, preocupações, o que lhe tira o sono, o que lhe dá prazer. Assim, a comunicação não visa apenas vender ou fazer negócio, mas  fazer parte da vida dele”.

Dono da RCortez Comunição, jornalista Rodrigo Cortez acredita que as empresas tiveram que se adequar a este novo formato de comunicação. “O empresário percebeu o custo benefício do trabalho feito na rede social. A mídia virtual permite atingir o público alvo de forma direcionada e muito objetiva com um custo relativamente baixo”, explicou Cortez, acrescentando que ser legítimo é fundamental para consolidar a confiabilidade do empreendimento. “Ser real traz credibilidade à empresa. O mercado já oferece pacotes para comprar curtidas e seguidores, porém seguidores fantasmas e imagens ‘falsas’ não agregam em nada a marca, pelo contrário, afastam o cliente”.

“É fato que a publicidade em meios digitais veio para ficar”

Ramatis Haywanon, sócio da agência publicitária Six Propaganda

Mais importante não é a ferramenta, é observar o que está acontecendo no universo econômico e social para oportunizar as atividades empregadas. “O empresário que não tiver hoje a sensibilidade para o potencial que as tecnologias oferecem está pondo a própria empresa em perigo. A tecnologia tem a possibilidade de melhorar a prestação de serviço e até diminuir os custos. Esta é uma questão crucial que precisa ser compreendida”, acredita Dantas.

Endossando o pensamento do engenheiro, Ramatis Haywanon afirma que o marketing digital é realidade. “Fato que a publicidade em meios digitais – seja em elevadores, painéis de rua, corredores de shopping center ou na internet – veio para ficar. Muitas empresas estão anunciando por conta própria, sem saber ao certo qual plataforma é a correta nem como se comunicar e, ao invés de procurar empresas especializadas, estão pagando o preço mais alto: assistir a consolidação da concorrência”, disse.

Crescer na crise

Ainda diante da crise, é crucial para as empresas rever comportamento e criar técnicas de inovação – ambas com a ajuda de diversos tipos de tecnologia. “A tecnologia deve ser implementada de forma bem clara para que os colaboradores compreendam quais as suas consequências. Não se pode menosprezar a inteligência das pessoas”, afirmou o consultor.

Aflorar nas pessoas o comportamento empreendedor é uma tecnologia. Mas é preciso entender que uma gestão de qualidade é feita pelo coletivo. “A melhoria na prestação do serviço e na percepção da experiência do cliente é o desejo de toda empresa. Avaliar com frequência a gestão e corrigir lacunas é fundamental para fidelizar o cliente”, disse Noaldo Dantas.

Uma das coisas mais subutilizadas nas empresas são as pessoas. “Porque se costuma propagar da boca para fora que o maior patrimônio das empresas é o capital humano, mas na hora de decidir, não incluímos as pessoas nesse processo decisório, não acessamos a inteligência coletiva. É preciso acessar a inteligência coletiva de uma forma muito mais competente do que é feita atualmente. A estrutura de poder, em muitos casos, impede que isso aconteça. Há casos em que o gestor não pede opinião da coletividade por receio de ser julgado como ‘perdido’. Na verdade, saber escutar é fundamental. Existe porém uma grande diferença entre ouvir e escutar. Todo mundo é capaz de ouvir, mas escutar é diferente, é pensar naquilo, é ser capaz de transformar.

Aprender a escutar e observar as sutilezas é parte fundamental do processo evolutivo da empresa. Um bom gestor absorve os sinais para melhorar a qualidade da gestão entre todos os colaboradores do processo. A essência é trabalhar em si mesmo e nas pessoas para poder evoluir e garantir a empresa viva e competitiva no mercado.

“O gestor de sucesso estabelece  suas metas e objetivos buscando melhorar o relacionamento com seus pares, clientes ou sua equipe de trabalho, temperando com o entusiasmo para fazer melhor todos os dias. Focando no relacionamento, ele atinge seus resultados porque essa sinergia acontecerá”, disse Solange Syllos.