Construtoras que atuam no Minha Casa, Minha Vida já não conseguem cobrir a falta de pagamento do governo federal às empresas. A informação é do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, que enviou mensagens aos ministros da Casa Civil, do Desenvolvimento Regional (MDR) e da Economia, informando que as empreiteiras devem demitir cerca de 50 mil empregados nos próximos dez dias.

A dívida chega a R$ 450 milhões e a defasagem no pagamento começou logo em janeiro, mas com a promessa de que a situação seria regularizada, os empresários aguardaram até março. Segundo o MDR, uma ação envolvendo o ministério da Economia conseguiu antecipar o limite de gastos para o mês de março, justamente para cobrir as despesas do programa. Não foi o suficiente.

De acordo com a CBIC, o Minha Casa, Minha Vida representa dois terços do mercado imobiliário brasileiro, que se vê ameaçado pelo contingenciamento dos pagamentos. O aviso do setor chega em um momento preocupante, já que o IBGE divulgou recentemente que o número de desempregados alcançou a marca de 13,1 milhões de pessoas, a taxa foi de 11,6% no trimestre passado para 12,4%.

O Ministério do Desenvolvimento Regional alega que não houve aviso formal das demissões, mas admite que tem recebido reclamações constantes de pagamentos “abaixo do necessário”. O MDR também informou que somente neste ano liberou R$ 732 milhões para o MCMV e que há esforços conjuntos para antecipar limites de gastos nos próximos meses. Não informou, porém, se pretende agir no sentido de evitar mais demissões.