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O grafite é um movimento artístico que sempre gerou muita polêmica, visto que, ainda hoje, muitas pessoas não conseguem entender – ou até mesmo aceitar – a diferença entre a arte e o vandalismo.

Apesar disso, nos últimos anos tem sido fácil encontrar prédios, estabelecimento ou espaços públicos com paredes grafitadas, trazendo mais cor e alegria para ruas antes tão cinzas. E essa é uma tendência crescente!

Essa arte surgiu na década de 1970, em Nova York, nos Estados Unidos, quando alguns jovens começaram a deixar nas paredes da cidade suas marcas, que evoluíram com técnicas e desenhos.

Aqui no Brasil, o grafite chegou já no final dos anos 70, em São Paulo. Com o tempo, a prática no país foi ganhando um estilo próprio e hoje o grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores do mundo.

Os grafiteiros brasileiros são amparados pela lei federal nº 12.408 que determina não constituir crime ‘a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, […] no caso de bem público, com a autorização do órgão competente […]’.

SAGAZ
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Em Maceió, Thales França, conhecido como Sagaz, tem visto sua marca se espalhar pela cidade.

Há quase três anos fazendo grafite, o artista diz que o sentimento é de realização por conseguir mostrar seu trabalho e despertar, nem que seja por alguns segundos, a curiosidade e o sorriso de alguém.

“A vida acaba sendo muita corrida, então saber que as pessoas ainda param para apreciar o meu trabalho não tem preço”, conta o grafiteiro.

O primeiro contato do Sagaz com o grafite foi em janeiro de 2015, quando pintou uma parede de um antigo coworking que trabalhava. Mas até chegar lá, trabalhou primeiro como designer gráfico e depois decidiu unir ao grafite os conhecimentos adquiridos durante esse tempo.

Após divulgação nas redes sociais, foi chamado para fazer arte no interior de uma loja, com total liberdade do dono para ser criativo como quisesse. No mesmo mês, pintou a primeira parede de rua, em um pub em uma avenida famosa da capital alagoana.

E foi nesse momento, em agosto de 2016 que surge a marca do Sagaz! O artista usa a estética de caligrafismo como textura para preencher espaços e formas.

“O design me ajudou no quesito de montar uma identidade. Criei praticamente uma linguagem, uma marca e isso me permitiu explorar vários materiais, como pôsters, camisas, canecas, boné e muito mais”, comenta Thales.

Para Sagaz o grafite vem evoluindo bastante e as pessoas estão aceitando cada vez mais. “É um trabalho que caminha devagar, mas acaba acontecendo. Acho que quando você trabalha em algo pra melhoria de algum espaço da sua própria cidade, as pessoas acabam enxergando com outros olhos e passam a admirar”, acredita Sagaz.

O artista conta que pintar é exercício de bem-estar, principalmente na rua, com a interação das pessoas.

“Me sinto vivo fazendo o que faço e vejo que o próprio espaço acaba voltando a viver”

Em todo lugar
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Os alunos de um Centro Universitário em Maceió passaram a conviver com o grafite diariamente, desde que algumas paredes da instituição receberam o grafite.

A iniciativa foi do Marketing do lugar e, segundo Deborah Motta, gestora do setor, “a ideia do grafite no estacionamento foi ter aproximação com os alunos e de dar vez a eles, já que no momento de boas-vindas eles tiveram a oportunidade de grafitar”.

O prédio de comunicação social da instituição, que abriga os cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, também teve uma parede grafitada.

“Procuramos uma aproximação com o público de comunicação, já que é algo que os alunos dos dois cursos gostam. Fizemos um layout próximo a rotina deles, que ao mesmo tempo dá a sensação de liberdade de expressão dentro do campus”, explica Deborah.

A sala do setor de marketing também recebeu uma pintura, e, segunda a gestora, a ideia foi deixar o ambiente mais leve e mais parecido com o trabalho desenvolvido por eles.

E a reposta dos estudantes a toda essa arte foi positiva. “Tivemos um bom retorno dos alunos. As fotos postadas constantemente nas redes sociais provam isso”, comenta Deborah.

“Quando se fala em universidade é comum associar a um ambiente muito sério, por isso existia a preocupação de que a reitoria não aceitasse a ideia. Mas isso não aconteceu! Eles ficam felizes com a iniciativa e com a possibilidade do aluno poder grafitar”, conta a gestora, informando que o setor está avaliando a possibilidade de refazer a mesma ação no próximo ano.

Os alunos aprovaram a ideia. Para o estudante de jornalismo Victor Spinelli, a pintura combinou com a pegada dos cursos e trouxe um diferencial para o bloco.

“Acho que fica mais agradável e tira um pouco da tensão que a universidade pode causar”, pensa o universitário.