A inovação digital, por meio de novas plataformas e modelos de negócios, está promovendo uma profunda transformação em diversos segmentos da economia. A internet diz muito sobre o comportamento de consumo dos compradores, além de seus hábitos, gostos, rotinas e milhares de outras informações que são armazenadas na rede.

A tecnologia evoluiu e, somada à internet e outros elementos, é capaz de melhorar a experiência de compra de alguém interessado em adquirir um imóvel, por exemplo.

Atualmente, mais de 90% das pessoas que buscam imóveis para alugar ou comprar o fazem por meio online. Essas pessoas pesquisam e recebem, por meio de portais e aplicativos, um grande volume de informações antes de procurarem uma empresa do segmento imobiliário para concretizar o negócio.

Toda pesquisa de imóvel pode ter seu início realizado através de buscadores, sites especializados e aplicativos. As empresas e profissionais que souberem aproveitar desse tipo de mídia tecnológica certamente sairão à frente das demais do mesmo segmento que ainda não se atualizaram em relação ao que há de novo online.

Empresas que realizam negociações imobiliárias exclusivamente através de plataformas digitais são realidade no Brasil. A proposta, na maioria das vezes, é uma experiência de compra ou locação mais ágil e com menos burocracia.

O QuintoAndar é um aplicativo de aluguel de imóveis residenciais que, com a proposta de simplificar o processo de locação, vem conectando proprietários e inquilinos de um jeito prático.

São feitos anúncios nos principais classificados online, com fotos profissionais. Atualmente o QuintoAndar atua em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Goiás – nos três últimos estados chegou recentemente.

André Penha, cofundador e CTO do QuintoAndar, aplicativo de aluguel residencial de maior destaque no cenário nacional. (Foto: Divulgação)

Segundo André Penha, cofundador e CTO do QuintoAndar, todo processo burocrático de negociação é feito online.

“Não é necessário ir ao cartório e não precisa apresentar fiador, nem depósito, nem seguro-fiança. Com isso, a gente acelera muito o tempo de locação e aumenta a liquidez no mercado. O proprietário aluga mais rápido – ou seja, mais dinheiro no bolso –, e isso é positivo para o mercado”, explica André Penha.

A maioria das empresas com sede física e atendimento presencial já utilizam plataformas de relacionamento com o público como forma de acelerar seus negócios via internet.

“É uma quebra de paradigma. Sem dúvida, uma inovação. Acredito que a agilidade, a transação praticamente toda online, sem burocracia, com assinatura eletrônica dos contratos, sejam alguns pontos fortes”, expõe José Roberto de Toledo, Diretor-Presidente da Lello Imóveis, uma das maiores e mais tradicionais administradoras de imóveis e condomínios da América do sul.

“Ainda é cedo afirmar, mas, sem dúvida, a inteligência artificial vem com números interessantes”

Guilherme França Blumer, Diretor de Transformação Digital da Brasil Brokers

Apesar da praticidade proporcionada pela internet, de acordo com o empresário José Roberto de Toledo, diversos clientes ainda preferem o modelo tradicional de negociação imobiliária, onde eles podem se corresponder com a empresa depois de ter encontrado algum imóvel do seu interesse para receber imediatamente algumas informações adicionais sobre o imóvel, sobre a sua qualidade e formas contratuais, por exemplo.

“O diferencial do atendimento presencial é dar suporte a um público que quer mais do que informação e agilidade no processo, que quer uma orientação, uma consultoria mesmo. É isso que as imobiliárias oferecem através da sua equipe de pessoas que conhecem a região onde os imóveis estão localizados. Isso traz para o consumidor uma segurança maior, pois ele se relaciona com uma pessoa e isso traz um conforto maior”, acredita o executivo paulista.

José Roberto de Toledo, Diretor-Presidente da Lello Imóveis acredita que o atendimento presencial tem é um diferencial no suporte cliente. (Foto: Divulgação)

Muito se fala sobre a redução de custos que o uso da inteligência artificial pode trazer.  Mas, segundo o diretor de Transformação Digital da Brasil Brokers, Guilherme França Blumer ainda é cedo para afirmar que a ferramenta diminuirá consideravelmente o custo por leads [termo imobiliário para definir oportunidade de negócio].

“O principal ponto agora é entender de fato a taxa de conversão desses atendimentos em cada etapa do funil. De início, podemos ver uma taxa de conversão interessante dos BOT´s no que diz respeito ao processo de agendamento de visita. Se essas taxas se consolidarem, acreditamos que de fato podemos ter algumas reduções no valor do lead e, principalmente, na quantidade de leads que precisam ser gerados. Ainda é cedo afirmar, mas, sem dúvida, a inteligência artificial vem com números interessantes”, afirma Blumer.

Segundo o CTO, o QuintoAndar tem processos inteligentes de análise de dados. Mas ele acredita que o uso de inteligência artificial nem sempre reduz custos financeiros.

“Depende do que a empresa quer atingir, de como é o fluxo de aquisição de clientes e de quão recorrentes são estes clientes. Depende, principalmente, do volume. Se a empresa trata poucos clientes por semana, a inteligência humana é muito melhor que a artificial”, explica Penha.

No nordeste, a empresa alagoana Zampieri Imóveis utiliza inteligência artificial na captação e qualificação de leads para a comercialização de lançamentos imobiliários através de uma plataforma de CRM [sistema de gestão de relacionamento com o cliente].

Para Nilo Zampieri Jr., o mundo comercial está vivendo uma grande transformação com o desenvolvimento das plataformas digitais.

“As empresas que conseguirem incluir na gestão e no atendimento comercial plataformas digitais que melhorem a experiência dos clientes, sem dúvida, deverão estar vivas nesses próximos 10 anos”

Nilo Zampieri Jr., Diretor Comercial da Zampieri Imóveis

O uso da tecnologia e da inteligência artificial na nova forma de fazer negócios não significa a exclusão da mão de obra humana nos processos. Para José Humberto, diretor comercial da URBS Imobiliária, de Goiás, o atendimento presencial vai continuar sendo muito importante para o cliente, pois cada locação tem suas particularidades, onde apenas com o suporte digital seria mais difícil a consultoria e a escolha do imóvel.

“A negociação presencial ajuda principalmente a fazer um levantamento de perfil mais assertivo, onde a empresa consegue trazer mais qualidade para o atendimento e entender melhor a necessidade do cliente. O digital só veio para dar rapidez na negociação. Não acredito na substituição total do atendimento presencial, principalmente no setor comercial, que requer um pouco mais de consultoria na hora de alugar e, na maioria das vezes, com particularidades”, opina José Humberto.

Para o consultor de marketing da agência curitibana Cupola, Rodrigo Werneck, a tecnologia é bem-vinda no mercado imobiliário, especialmente na locação, mas a velocidade de adesão dos proprietários tende a ser menor, por conta do seu perfil etário mais avançado.

Para Rodrigo Werneck, consultor de marketing da agência Cupola, o digital jamais substituirá o contato presencial em seu aspecto consultivo. (Foto: Divulgação)

“Precisamos ter em conta que o digital jamais substituirá o contato presencial em seu aspecto consultivo. Estamos falando de ativos valiosos, cujos donos valorizam o suporte humano. Eles têm dúvidas, precisam de respostas, e as empresas do segmento que se propõem a serem ‘digitais’ precisam dialogar de forma aberta e disponível com esse proprietário, não simplesmente através de um app”, afirma Werneck.

A tecnologia está presente em qualquer mercado e caminha aliada ao atendimento digital. Mas nem todos os clientes são adeptos da funcionalidade na palma da mão através de seus smartphones, da internet, dos sites, principalmente quando o produto é algo muito precioso na vida das pessoas: o imóvel.

“Normalmente, os proprietários de imóveis são pessoas mais velhas, que nem sempre estão totalmente inseridas no mundo digital. Por outro lado, também temos jovens que já estão investindo em imóveis. Acho que as duas vertentes têm a possibilidade de atender os clientes da maneira que eles se sentirem mais seguros e satisfeitos”, explica o executivo da Lello Imóveis.

Em qualquer segmento comercial é comum se deparar com a inovação, mas o universo digital acelera o dinamismo de ações e relações entre cliente e empresa.

Escolher uma roupa pela internet, solicitar um transporte particular pelo aplicativo móvel ou até mesmo selecionar itens da feira de supermercado de qualquer lugar é parte da rotina de muitos brasileiros.

Especificamente nas transações imobiliárias, a negociação pelas plataformas digitais traz um pouco mais de conforto. Os portais trazem uma série de informações para facilitar a busca do cliente pelo imóvel ideal e permitem a escolha do atendimento online ou que o potencial interessado no imóvel procure uma imobiliária para uma consultoria presencial.

José Humberto, diretor da imobiliária URBS afirma que, no final das contas, a seriedade e a boa reputação de uma empresa no mercado sempre pesam na hora de fazer negócios.

“Mesmo com as facilidades que se têm hoje, muita gente que procura um imóvel não abre mão do atendimento presencial, da consultoria bem realizada, com detalhes que o profissional do mercado imobiliário pode oferecer, por entender as necessidades específicas de seu cliente”, afirma o empresário goiano.

Mesmo com as facilidades que se têm hoje, muita gente que procura um imóvel não abre mão do atendimento presencial”

José Humberto, Diretor Comercial da URBS Imobiliária