Comprar um imóvel é um desejo de muita gente, seja para realizar o sonho da casa própria ou como investimento para uma renda extra. Mas para alcançar este objetivo, quem recorre ao banco para solicitar um empréstimo ou fazer um financiamento, se depara com a Taxa Selic e sua influência sobre a taxa de juros do crédito imobiliário. Pouco mesmo é o entendimento prático do seu significado.

O Banco Central do Brasil define Taxa Selic como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos. Assim, é a taxa básica de juros da economia brasileira e serve de base para calcular outras taxas de juros e também para compensação remuneratória de investimentos.

“A relação que ocorre entre a Taxa Selic e o crédito imobiliário vem pela disputa promovida pelos recursos dos investidores. À medida que o Banco Central aumenta a Selic, os investidores de caderneta de poupança tendem a migrar de investimento, saindo da caderneta de poupança e indo para investimentos que possuem a Selic como indexador, ocasionando assim falta de fundos para as operações de crédito imobiliário”, comentou o especialista em finanças Carlos Rodnei Felipe.

As consecutivas reduções da taxa Selic têm efeito direto na taxa de juros aplicada ao financiamento imobiliário. Isso porque alguns bancos privados também anunciaram a redução das taxas cobradas para financiamento imobiliário.

“Com a queda da taxa Selic, com certeza vai aumentar o apetite do mercado para o financiamento imobiliário, que tende a liderar o crescimento do crédito da pessoa física no país”, disse em entrevista ao G1 o diretor da área de crédito imobiliário do Banco do Brasil, Edson Cardozo.

Dessa forma, taxas menores fortalecem o crescimento do mercado imobiliário. A redução aumenta o poder da construtora de obter melhores custos financeiros para construir empreendimentos e a possibilidade de compra de unidades pelo consumidor.

Limitando o crédito

Maior detentora dos financiamentos imobiliários, cerca de 70% de todo o volume deste crédito no país, a Caixa Econômica Federal reduziu limite para financiamento de imóvel usado. Desde setembro, o banco passou a financiar no máximo 50% do bem. A Caixa anteriormente já havia reduzido também os limites financiáveis para aquisição imóveis novos.

As medidas tomadas pelo banco são reflexos da intensa recessão econômica vivida nos últimos anos e a redução dos limites ajusta o capital disponível da instituição financeira às condições do setor.

A consequência imediata da redução do número de imóveis financiados é o estoque de unidades nas construtoras. De acordo com o Secovi-SP, o estoque de unidades na cidade de São Paulo é superior a 25 mil. “Depois de queimar esse estoque, vamos sair dessa situação de ‘mercado outlet’ e passaremos a uma nova realidade de preços e de tipos de imóveis, que podem vir menores para se adaptar à capacidade de compra da população”, diz o professor da Poli-USP, João da Rocha Lima, à Exame.