A economia mudou e a tendência de retomada de crescimento também reflete sinais positivos no mercado imobiliário. Este ano promete ser de virada para o setor.

Impulsionada por ações específicas direcionadas ao segmento ainda em 2018, como a regulamentação dos distratos e reduções da Taxa Selic (que influenciam sucessivamente a linhas de crédito de financiamento), o mercado imobiliário já define este novo período como o da oportunidade de bons negócios.

O fim da polêmica dos distratos foi vista como um marco regulatório do setor imobiliário e muito comemorada pelo empresariado da construção civil por tornar o ambiente mais seguro juridicamente.

“A regulamentação do distrato é uma necessidade imediata para o mercado imobiliário. É sinônimo de mais emprego e tranquilidade”, comemorou, à época, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Marins.

E, após um cenário de quedas consecutivas na produção imobiliária, o pensamento consoante do setor já fazer projeção positiva de crescimento.

“Com sinais de melhora já verificados a partir do segundo semestre de 2018, o mercado imobiliário tem boas perspectivas de retorno de seu ciclo virtuoso em 2019, amparado por diversos fatores bastante favoráveis para a concretização deste cenário, sendo o principal deles, a recuperação da nossa economia”, escreveu Ana Beatriz de Almeida Lobo, sócia da área imobiliária do SVLAW.

Outra boa notícia que promete evoluir este ano é o volume financeiro imobiliário. Interrompendo uma sequência de três anos consecutivos no vermelho, dados da Abecip, entidade que representa as financiadoras do setor, apresentam uma alta de 33% em relação ao ano – o que gera tendência para um montante ainda maior em 2019.

Juros menores e abertura do capital de financiamento bancário proporcionam que construtoras e incorporadoras tem saúde financeira para o desenvolvimento de novos empreendimentos.

E nesta perspectiva positiva de mercado até os Fundos de Investimento Imobiliário, os famosos FIIs, viram meio alternativo e eficaz de investimento rentável no mercado imobiliário. Afinal, esta modalidade de renda variável está diretamente ligada ao mercado físico.

No ciclo das quatro fases do mercado expansão-excesso-recessão-recuperação, é nítido o diagnóstico de retomada do mercado imobiliário. Os números reforçam este entendimento.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou dados que apontam que venda de imóveis no país aumentou 17,3% no segundo trimestre deste ano de 2018, por exemplo.

E mostram que através do mercado imobiliário é possível mensurar a situação econômica do país. Ou seja, o setor é termômetro da economia brasileira.

“Quando a economia vai bem, o mercado imobiliário vai bem. Quando a economia vai mal, o mercado de imóveis reage da mesma forma. Depois de ir ao fundo do poço em 2016, o setor se recuperou levemente em 2017 e em 2018. Para este ano, esperamos que, com a implementação das reformas necessárias para trazer equilíbrio às contas públicas, o Brasil tenha um novo ciclo de crescimento”, afirma o economista-chefe do Secovi-SP e presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci.

Outro fator oportuno para reforçar o entendimento de confiança na economia é a nova gestão federal e o potencial de criação medidas liberais que estimulam o empresariado.

“Acredito muito no plano econômico do ministro Paulo Guedes, com maior atuação do mercado privado e menor interferência do governo. É necessário que as reformas aconteçam de maneira rápida e eficiente, trazendo resultados e confiança para a geração de emprego e renda. O setor imobiliário precisa de estabilidade e crescimento. É isso que levará as famílias a adquirirem imóveis e as empresas a ampliarem suas sedes com novos escritórios. É importante que tudo isso aconteça já em 2019”, disse o presidente eleito da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Leonardo Pissetti.

O programa habitacional do governo federal Minha Casa Minha Vida foi responsável por grande parte da alavancada dos negócios imobiliários no ano anterior e, apesar da aposta de maior diversidade de produtos imobiliários para o novo ciclo, segue como empreendimento marcante da lista imobiliária.

“Os produtos do Programa Minha Casa, Minha Vida continuarão a ter grande demanda. O programa Minha Casa, Minha Vida terá continuidade, e é muito importante, não só socialmente aos adquirentes de imóveis, como para a geração de empregos”, comenta o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Odair Senra.

Mas o mercado imobiliário vislumbra a contemplação de novos empreendimentos imobiliários que agradem a todas as classes econômicas e faixas etárias da população brasileira – deixando o clima propício ao crescimento macro do setor.

Confira a expectativa de diversos players do mercado imobiliário para 2019!

 

Celso Petrucci, economista-chefe e diretor do Secovi/SP:

Quando a economia vai bem, o mercado imobiliário vai bem. Quando a economia vai mal, o mercado de imóveis reage da mesma forma. Depois de ir ao fundo do poço em 2016, o setor se recuperou levemente em 2017 e em 2018.

Para este ano, esperamos que, com a implementação das reformas necessárias para trazer equilíbrio às contas públicas, o País tenha um novo ciclo de crescimento. Macroeconomicamente, isso ajudará a atrair investimentos necessários para o desenvolvimento nacional e impulsionará a geração de empregos. Essa combinação de fatores gera um dos ativos intangíveis mais importantes para o nosso mercado: a confiança. Sem ela, as incorporadoras não lançam novos empreendimentos, e as pessoas, por medo de perderem o emprego ou terem suas rendas reduzidas, não encaram a compra de um imóvel, cujos compromissos de pagamentos são, na média, de longo prazo.

Retomada a confiança, esperamos que, assim como ocorreu no ano passado, o mercado apresente um crescimento tanto no número de unidades lançadas como no número de unidades vendidas.

Outro fator que ajuda a suportar essa estimativa é a perspectiva para o crédito imobiliário. Os recursos vindos da caderneta de poupança deverão ser da ordem de R$ 60 bilhões, número 20% superior ao desembolsando no ano passado. Já o FGTS deve ter uma redução de 5% no volume de contratação. Também ficaremos acompanhando de perto as captações da LIG (Letra Imobiliária Garantida), alternativa de funding que ainda engatinha, mas, acreditamos, pode se tornar uma fonte de recursos abundante para o nosso mercado.

 

 

Piero Sevilla – Diretor de Incorporação da Cyrela

Entendemos que a retomada está acontecendo de forma lenta e gradual, mas já sentimos reflexos por conta de fatores como o recuo dos juros e o consequente aumento dos recursos alocados na poupança – sinais positivos para o financiamento da habitação. Mas claro, ainda há espaço para o juro ao consumidor final cair mais. Outro fator fundamental para a melhora do desempenho do setor imobiliário é a queda nas taxas de desemprego. Acreditamos que pode ser sim o início de um novo ciclo do setor.

 

 

Odair Senra – presidente do SindusCon-SP

Estamos saindo de um grande período de mais de quatro anos de mercado muito parado e de um ambiente de muitos distratos de aquisição de imóveis (já equacionado por meio de lei sancionada no final do ano passado).

Com a esperança de crescimento da economia, principalmente com a reforma da Previdência, a expectativa do mercado imobiliário e de construção é muito boa; existe uma demanda reprimida de potenciais compradores de imóveis e de investidores no setor.

 

 

 

Leonardo Pissetti, presidente da Ademi-PR:

As expectativas são muito positivas. Prevemos um cenário promissor, de estabilidade econômica, recuperação de emprego e renda, junto com a melhor oferta de crédito, tanto para a produção, quanto para a aquisição do imóvel. A equação mercadológica está formada. É por isso que os lançamentos imobiliários estão voltando com força. Todas as nossas construtoras e incorporadoras associadas estão com novos empreendimentos programados para o próximo biênio. O estoque de imóveis está abaixo da média de mercado, o que também implicará numa atualização do preço de vendas dos imóveis novos.