Praticamente paralisado desde o início do ano devido a uma série de restrições orçamentárias impostas pelo governo federal, o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) pode estar com os dias contados. O programa de habitação popular responde hoje por 68% do mercado imobiliário brasileiro e, segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), está travado e gerando insegurança nas construtoras.

O alerta foi feito pelo presidente do Sinduscom de Minas, Geraldo Jardim, que acusa o governo de estar utilizando o programa como barganha para aprovação da reforma da Previdência no Congresso. O resultado, segundo Linhares, são repasses de verbas insuficientes e que pode levar o setor a um novo colapso, inclusive provocando demissão em massa nos próximos meses. Débitos do programa em aberto já somam R$ 450 milhões e poderão ultrapassar a casa de R$ 1 bilhão até o fim do primeiro semestre.

“Todos sabem da importância da construção civil para o giro da economia e o desempenho de outras atividades. Somos um dos setores que mais emprega no País e, após nem termos saído da maior crise da história direito, já corremos o risco de entrar em outra, caso os repasses não sejam regularizados”, disse Linhares.

Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), responsável pelo programa do governo federal, informou que está em constante negociação com o Ministério da Economia para antecipar recursos. A Pasta informou que desde o início do ano liberou R$ 932,2 milhões para o programa.

No entanto, segundo o presidente do Sinduscon-MG, o governo precisa atuar para regularizar os débitos, sem que isso esteja vinculado ao andamento da reforma da Previdência. “Marcharemos para Brasília”, informou.

“Sabemos da importância e da necessidade da reforma e estamos orientando representantes da Câmara e do Senado a não imporem limites por questões partidárias. Mas não podemos aceitar que o governo vincule a continuidade de um programa de sucesso como o Minha Casa, Minha Vida, à aprovação do mesmo. Isso está totalmente fora do que foi acordado no fim do ano passado”, reiterou.