A cidade de Curitiba, capital do Paraná, recebeu da secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná a autorização ambiental para o aproveitamento energético de rejeitos da reciclagem nos fornos de cimenteiras, como CDR (Combustível Derivado de Resíduo).

A entrega do licenciamento foi feita ao prefeito Rafael Greca pelo secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná, Marcio Nunes, durante a 44ª Assembleia do Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Conresol), da qual participaram também 12 prefeitos da região metropolitana e representantes de dez associações de catadores e recicladores da capital.

“Esse licenciamento vai permitir a geração de energia e a produção de cimento na capital e na Região Metropolitana, substituindo o carvão mineral importado e nocivo, o coque, pelo combustível gerado pela nossa população.”

O CDR é um substituto energético do coque de petróleo usado como combustível para a fabricação de cimento. A substituição traz uma série de benefícios: redução das emissões de carbono (que causam o efeito estufa), diminuição de passivos ambientais nos aterros sanitários, economia financeira para o município (que deixa de pagar o custo de aterro) e geração de renda para os catadores e recicladores.

A Região Metropolitana de Curitiba produz, diariamente, 2,6 mil toneladas. A melhoria no tratamento de resíduos vem sendo trabalhada desde 2017, com o parte das ações de reforço de ações sustentáveis do município.

O secretário Marcio Nunes lembrou que o aproveitamento energético dos rejeitos aproxima o Paraná do que há de mais moderno no mundo. “Devemos sempre buscar o mínimo descarte de resíduos e reaproveitar tudo aquilo que é possível”, avaliou.

Segundo a secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Oliveira Dias, a redução do total de geração de gases de efeito estufa pode chegar a 12% em Curitiba, com o crescimento do uso do CDR.

Cimenteiras

A Votorantim Cimentos, que fica em Rio Branco do Sul e vinha recebendo em fase de testes os rejeitos da separação das associações do Ecocidadão para os testes, passa com a atuar de forma licenciada.

Para o diretor de Coprocessamento da empresa, Edmuno Correa Ramos, o ganho é de todos. “Por um lado, incentivamos a cadeia da reciclagem e evitamos o crescimento dos aterros sanitários; por outro, contribuímos com a agenda do setor de produção de cimento que é de, cada vez mais, reduzir as emissões de gases nocivos ao meio ambiente”, afirmou.

Também estiveram presentes o gerente-geral de Coprocessamento da empresa, Eduardo Bastos da Porciúncula; o gerente Regional Sul-Sudeste de Combustíveis Alternativos e Resíduos, Bruno Marin; e o gerente da fábrica de Rio Branco do Sul, Thomas Rheinegger.

Ecocidadão

A secretária Marilza Dias explica que o material utilizado no CDR vem do rejeito da separação de recicláveis dos barracões do Ecocidadão – o que resta da triagem e que não tem viabilidade para reciclagem e venda.

“Com essa iniciativa passamos a aproveitar o material que sobra da reciclagem e era destinado em aterro sanitário”, disse.

Ao todo, são 400 toneladas por mês de rejeitos que saem dos 40 barracões que fazem parte do programa.

Protocolo de intenções

O projeto faz parte do compromisso assumido pelas cimenteiras Votorantim, Itambé e Supremo com o Conresol e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O documento foi assinado em agosto do ano passado, durante a 41ª Assembleia Extraordinária do Consórcio.

O Conresol tem como objetivo atender ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos e reduzir o uso de aterros sanitários. Hoje esses resíduos são levados para o aterro de Fazenda Rio Grande.