“Na geração Google é tudo num apertar de botão. No Brasil, mais de 40% da população está no SPC ou no Serasa e, ainda assim, abrem mão de exigir documentação que aumente a segurança. No mundo virtual tudo é encantador, até o momento em que surge o prejuízo.” – O alerta incisivo é do presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB de Minas Gerais, Kênio de Souza Pereira. Em artigo publicado recentemente, o especialista analisou a inexistência de garantias por parte das chamadas imobiliárias virtuais. E questiona “quem fica com o prejuízo quando o robô diz para o locador – Lamentamos que a sua experiência conosco não tenha sido da maneira que gostaríamos. Estamos aprimorando nossos serviços para melhor servi-lo?”

A principal motivação da existência de uma imobiliária de verdade é proteger as partes envolvidas e minimizar danos e prejuízos, principalmente no momento da desocupação do bem locado. É um trabalho árduo, que exige comprometimento institucional, atenção às legislações e responsabilidade. Com um marketing criativo, algumas statups começaram a se denominar imobiliárias virtuais, fazendo parecer que a locação de um imóvel é uma questão simples. Na realidade, esses sites e aplicativos não administram o negócio, pois se limitam a encontrar inquilino e a assinar um contrato via e-mail, sem qualquer garantia.

“Basta o proprietário pedir a apólice de seguro fiança em nome dele, como o endereço do imóvel locador ou uma garantia real por escrito e verá que não existe nada, conforme podem confirmar nas reclamações no site Reclame Aqui”, afirma o advogado mineiro.
As imobiliárias com décadas de experiência acumulada analisam quem se candidata à locação, sendo o contato pessoal importante para evitar surpresas que as imobiliárias virtuais desconhecem.

“As imobiliárias virtuais ignoram a astúcia dos indivíduos de má-fé, que não poupam esforços para produzir documentos falsos, contracheques inexistentes, declarações montadas e até mesmo carteiras de identidades furtadas. Elas simplesmente recebem cópias de documentos por e-mail, sem exigir qualquer garantia. Justamente por isso são as preferidas dos que não têm boa intenção”, explica.