Outubro é um mês especial para a saúde da mulher. Durante todo o período, a administração pública, organizações não governamentais e setor privado se unem para intensificar a importância da prevenção ao câncer de mama. É tempo do movimento mundial chamado de ‘Outubro Rosa’.

Os números podem assustar: cerca de 58 mil novos casos de câncer de mama são descobertos no Brasil a cada ano.  “O câncer de mama é a proliferação descontrolada da própria mama da mulher que perde a capacidade de morrer”, explica a mastologista Fabiana Baroni Makdissi, médica do hospital oncológico A.C. Camargo Câncer Center, em São Paulo.

Doença silenciosa e com sintomas difíceis de detectar no início, o câncer de mama é umas das causas que mais matam mulheres no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, quase 15% das mortes em 2012 foram motivadas pela enfermidade.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Antônio Frasson, a falta de informação é um grande obstáculo para a conscientização da sociedade sobre a gravidade da doença. “É preciso que o público feminino tenha consciência da importância do assunto não só em outubro, mas durante o ano todo”, comenta o médico.

Pesquisadores da SBM relatam que a desinformação potencializa as chances de a paciente morrer em decorrência da doença. “As taxas de mortalidade aumentaram nos estados onde há alto índice de exclusão humana e social e baixo índice de desenvolvimento humano, como é o caso de Rondônia, Tocantins, Santa Catarina, Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe, Ceará. Já nos estados onde o índice de desenvolvimento humano é alto e a exclusão social é baixa, as taxas diminuíram, como nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná”, frisa Frasson.

Independentemente da idade, a recomendação médica é de que as mulheres façam frequentemente o autoexame – ao se tocar e reconhecer seu próprio corpo, a mulher é capaz de identificar o que é normal ou não em suas mamas. A maior parte dos diagnósticos é descoberta a partir de desconfianças das próprias mulheres.

Não há toque ou técnica específica. O mais importante é sentir e descobrir o próprio corpo. Mas existem alguns sintomas característicos da doença: nódulo fixo, endurecido e, geralmente, indolor; pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; alterações no mamilo; pequenos nódulos na região embaixo das axilas ou no pescoço; saída espontânea de líquido dos mamilos.

O mastologista Antônio Frasson salienta ainda o comportamento da mulher com relação à doença é um entrave à prevenção. “Há muitos mitos sobre o assunto e as mulheres se impressionam, se amedrontam e acabam não se cuidando preventivamente. Diz o dito popular que quem procura acha. Em relação ao câncer de mama, isso deve ser visto como algo positivo”, alerta.

Muito se questiona sobre o que pode ou não provocar o câncer de mama. O uso de anticoncepcionais, desodorantes, implante de silicone e até mesmo a gravidez. Mas, de acordo com o mastologista, estas não são fontes de risco. Porém, há fatores que comprovadamente podem despertar o câncer de mama – tabagismo, reposição hormonal, genética e álcool, por exemplo.

“Hereditariedade é fator de risco para casos de câncer de mama, mas não o principal fator de risco. Estudos comprovam que apenas 5% a 10% dos casos têm em sua base uma composição genética familiar. Já o consumo de álcool, mesmo em quantidades moderadas, está claramente associado ao aumento do risco para desenvolver câncer de mama de maneira proporcional à quantidade ingerida”, disse o presidente da SBM.

De acordo com o Inca, o câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença. O instituto também orienta que aproximadamente 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis – prática atividade física regularmente; alimentação saudável; manutenção do peso corporal adequado; minimização do consumo de bebidas alcoólicas; amamentação.

Já o tratamento é individual e personalizado, variando de acordo com a gravidade e o tamanho do tumor, por exemplo, e pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia, bloqueio hormonal e imunoterapia. Também faz parte do tratamento o acompanhamento psicológico destas mulheres, que frequentemente sofrem depressão.