O mercado de trabalho vai se transformar diante da 4ª Revolução Industrial. Novas profissões como engenheiro de cibersegurança, técnico em informação e automação, mecânico de veículos híbridos e projetista para tecnologias 3D devem surgir e se consolidar no mercado nos próximos cinco a dez anos, de acordo com trabalho realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

A previsão é que surjam 30 novas ocupações em oito áreas que devem sofrer o maior impacto da chamada Indústria 4.0, termo utilizado para a integração do mundo físico e virtual por meio de tecnologias digitais, como Internet das Coisas, big data e inteligência artificial.

O levantamento aponta as profissões, de nível médio e superior, que devem ganhar relevância e se transformar nos segmentos automotivo; alimentos e bebidas; máquinas e ferramentas; petróleo e gás; têxtil e vestuário; química e petroquímica; tecnologias da informação e comunicação, e construção civil. Essas áreas estão entre as que mais devem ter seus processos transformados e que apostam na dominância das tecnologias digitais para a competitividade dos seus negócios na próxima década.

O trabalho foi feito a partir do Modelo SENAI de Prospecção, metodologia que permite prever quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho em um horizonte de cinco a dez anos. A previsão é feita a partir do debate entre cerca de 20 especialistas – representantes de empresas, de sindicatos de trabalhadores, de universidades – por setor estudado. Em seguida, as informações do Modelo SENAI de Prospecção são enviadas para os Comitês Técnicos Setoriais, que apontam quais serão os perfis e as competências exigidas dos profissionais de cada segmento industrial.

O método, utilizado para embasar as decisões do SENAI sobre a oferta de cursos e seus currículos, já foi implementado em instituições de mais de 20 países na América do Sul e no Caribe. A metodologia foi apontada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como exemplo de experiência bem sucedida na identificação da formação profissional alinhada às necessidades futuras das empresas.

De acordo com o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o material produzido pela instituição também é uma boa referência para os jovens que buscam uma profissão e os profissionais que desejam se atualizar. “As tecnologias digitais vão criar uma miríade de novos negócios e transformar o mercado de trabalho. As pessoas terão um processo contínuo de aprendizado ao longo de vida. Vão precisar se requalificar permanentemente para adquirir novas competências”, explica ele. “As pessoas que compreenderem melhor as tendências e se qualificarem para esse novo mundo profissional vão ser mais bem sucedidas”, complementa.

ROBÓTICA COLABORATIVA – A área automotiva está entre os segmentos líderes da corrida tecnológica no Brasil. Seus representantes estão entre os que mais preveem impactos da 4ª Revolução Industrial em seu mercado de trabalho. O estudo do SENAI prevê que tecnologias como robótica colaborativa e comunicação entre máquinas por meio da Internet das Coisas vão impactar fortemente as etapas de concepção e produção da área.

Nos próximos cinco anos, devem ganhar relevância profissões já existentes como eletromecânico de automóveis e mecânico de manutenção automotiva, que terão de dominar novos conhecimentos e habilidades, entre as quais programação, aplicativos de software e matemática voltada à metrologia.

A previsão é que as profissões do segmento automotivo se transformem e quatro novas ocupações sejam criadas: mecânico de veículos híbridos, mecânico especialista em telemetria, programador de unidades de controles eletrônicos e técnico em informática veicular. A projeção é que, nos próximos dez anos, 31% a 50% das empresas do segmento demandem esses profissionais.