A figura do síndico sempre foi fundamental e indispensável em um condomínio. Mas a vida moderna exige de quem exerce esta atividade um comportamento mais atual e condizente com a nova realidade.

Se engana quem pensa que para comandar um condomínio basta saber administrar. O síndico ideal precisa preencher alguns pré-requisitos que fazem toda a diferença na gestão condominial: ter noção de gestão administrativa, conhecimento jurídico, gerenciador de problemas, gestor de pessoas e promotor da convivência harmoniosa.

Reeleita para mais um mandato de um ano no condomínio, para a professora Cléo Monteiro a função de síndico exige destreza. “Na realidade a questão não é agradar e sim saber que exercer a tarefa de síndico exige atenção especial para assuntos tão complexos e de múltiplos interesses. É necessário manter suas ações visando cumprir estritamente os regulamentos internos, além de manter cordialidade sem esquecer que também é um condômino e, como tal, dispensar tratamentos como gostaria de ser tratado”, comenta ela.

A função de síndico pode ser desempenhada por qualquer pessoa, seja morador ou não. Com o crescimento do número de condomínios, surgiu no mercado a profissionalização da atividade e o síndico profissional já é opção de alguns condomínios.

Para o presidente do Secovi Alagoas, Nilo Zampieri Jr., os condôminos estão mais preocupados com a administração condominial. “A mudança de comportamento da sociedade gera reflexo também na escolha dos condôminos pelo seu síndico. Os moradores precisam e querem que o gestor seja cada vez mais atento aos problemas do condomínio e qualificado para construir uma administração eficaz. Por isso, o síndico precisa dar o exemplo: pagar as contas em dia, cumprir a legislação e ter conduta ética”, comenta o presidente do sindicato.

Outra característica fundamental para satisfatório desempenho da atividade é ter habilidade e tolerância para mediar conflitos. Quanto maior o condomínio, maior a possibilidade de desentendimentos entre condomínios ou desacordo com as regras do condomínio. Em momentos de desentendimento, é parte da função de síndico estar atento às necessidades dos moradores, entender a situação e criar a melhor solução para as partes e para o todo.

A mudança de comportamento da sociedade gera reflexo também na escolha dos condôminos pelo seu síndico. Os moradores precisam e querem que o gestor seja cada vez mais atento aos problemas do condomínio e qualificado para construir uma administração eficaz

Nilo Zampieri Jr. – Presidente do Secovi/AL

Um dos maiores desafios do síndico é equilibrar as necessidades e interesses do condomínio, minimizando as frustrações ou decepções da minoria. Por isso, o síndico precisa ter um bom relacionamento com os moradores e uma comunicação eficaz – inclusive para conter destemperos ou discussões mais acaloradas que costumam acontecer em reuniões de condomínio.

O advogado Diogo Tenório ressalta a importância da comunicação para harmonia do condomínio. “Fico atento ao comportamento do meu síndico, um senhor aposentado que dá conta de tudo no prédio e é muito comunicativo, zeloso e econômico (características que um bom síndico deve ter, com certeza!)”, comenta o advogado.

Além de zelar pelo patrimônio coletivo e pela gestão condominial, o síndico deve pautar suas decisões no cumprimento da convenção coletiva, do regimento interno e da legislação brasileira específica. “Não seria um bom síndico, pois não tenho esta característica de zelo”, comenta o advogado Diogo Tenório.

Em tempos de grandes escândalos de corrupção política, ter uma gestão transparente é a melhor forma de evidenciar o trabalho correto, pautada na ética e na legalidade – e principalmente com prestação de contas e serviços efetuados. Então, o síndico precisa conhecer suas responsabilidades, inclusive civil e criminal por comportamento inadequado ou negligência.

Questionada sobre sua maior qualidade como síndica, Cléo Monteiro afirma que é “ser transparente nos atos e estar à disposição para atender a todos de acordo com necessidades requeridas”, acrescentando ser recriminável na conduta de um síndico “trair a confiança recebida e se apropriar indevidamente de oportunidades que venham causar prejuízos financeiros ou moral”.

Outro ponto que mexe na administração condominial é a inadimplência crescente em decorrência da crise econômica vivida pelo brasileiro. O síndico deve ser compreender o momento e, além de evitar gastos desnecessários, criar planejamento estratégico e medidas criativas para economizar sem perder a qualidade da manutenção dos serviços.

O síndico é uma escolha coletiva e não deve esquecer que sua atividade e seu comportamento, além de adequados às responsabilidades da função, devem presar pela eficácia da gestão e pelo melhor para a maioria.

“Quem cuida de um condomínio cuida de sonhos, de patrimônios, de projetos de vida. Temos na mão um dos bens mais preciosos das pessoas, que é o seu imóvel. Há que se ter compromisso e experiência para cumprir essa responsabilidade com talento”, disse à imprensa o vice-presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis, Fernando Henrique.