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Para se destacar no mercado é preciso agradar o cliente de todas as formas. E uma tendência cada vez mais crescente tem se tornado diferencial entre os estabelecimentos, e até critério de preferência dos consumidores. Trata-se dos locais Pet Friendly, que traduzindo ao pé da letra significa “amigo dos animais” – são lugares onde os donos podem levar os seus animais de estimação e eles são muito bem-vindos.

Abrir as portas para os bichinhos pode ser muito lucrativo, já que esse mercado se mostra prospero. Um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) mostrou que, em 2016, o setor pet brasileiro cresceu quase 4,9% com faturamento de R$ 18,9 bilhões.

O Brasil aparece ainda na terceira colocação do ranking mundial do comércio voltado para animais, perdendo apenas para os Estados Unidos e Reino Unido. Segundo a Abinpet, o faturamento mundial do mercado pet no ano passado chegou a US$ 104,1 bilhões.

A proprietária de um canil, Sumara Branco, observa o aumento do número de cães como membros das famílias, semelhantes aos filhos.

“Eu vejo esse movimento Pet Friendly como benefício para o animal, pois ele pode acompanhar o dono nas atividades diárias”, diz a proprietária do canil.

Ela lembra que muita gente mora só e o animal acaba sendo uma companhia. “Às vezes a pessoa trabalha a semana inteira e no final de semana quer ter um momento de lazer. Poder levar o cão nesse momento é excelente para ambos”, afirma Sumara.

“Hoje em dia os empresários estão tendo que se adaptar a essa realidade. Às vezes, quando eu vou sair com algum animal meu, nem pergunto se pode. Se estou na área externa do estabelecimento, com meu animal vacinado e limpo, não vejo problema algum”, revela a proprietária do canil, afirmando também que não sente olhares de julgamento como sentia anos atrás se fizesse o mesmo. “As pessoas até param para fazer carinho no bichinho”, completa.

Um shopping de Maceió passou a aceitar a circulação dos animais recentemente. A gerente de marketing do shopping, Cristina Oliveira, em comunicado à imprensa na época da novidade, disse que o selo Pet Friendly é sinônimo de diversão e alegria para toda família, que agora pode passear junto com seus pets no interior do centro de compras.

“É um prazer proporcionar isso aos alagoanos”, afirmou a gerente.

A estudante Raquel Macedo tem um cachorro de estimação há dois anos e afirma que o selo pet friendly desperta o interesse em descobrir novos lugares.

“Sou apegada ao meu cachorro, por isso fico muito feliz quando ele participa dos meus passeios”, comenta a estudante.

Quando perguntada sobre alguma situação constrangedora que viveu ao sair com o cão, a jovem conta que de uma situação desagradável durante uma viagem com a família, em que, ao parar em um restaurante que não tinha placa informando se era permitida ou não a presença do pet, procurou uma mesa perto da porta e sentou.

“Um dos clientes chamou o garçom e pediu que o cachorro fosse retirado ou ele iria embora. Tivemos que colocar meu cachorro dentro do carro, com os vidros abertos, em um local que pudéssemos ficar de olho. Apenas quando o cliente que reclamou foi embora, o garçom autorizou que o Romeu entrasse. Foi uma situação bem chata”, relata Raquel.

Segundo a psicóloga Jéssyca Brennand, o vínculo afetivo e o convívio com esses bichinhos podem trazer aos donos inúmeros benefícios, desde cognitivos, afetivos e comportamentais, ou até mesmo na melhoria do sistema imunológico e incidência de doenças.

“Pode ser muito recompensador poder sair com seu animal de estimação para locais que antes não eram permitidos. O animal acaba se tornando um membro da família, e ampliar esse vínculo para outros ambientes proporciona uma sensação de bem estar e qualidade de vida”, explica a psicóloga.

“Alimentação, vacinação e proteção não são os únicos cuidados para o animal. A presença do seu dono, orientando e cuidando, pode torná-lo mais obediente e com melhor convívio”, argumenta Jéssyca.

Carinho pet

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Na Rua Oscar Freire, em São Paulo, está localizada a gelateria Le Botteghe Di Leonardo, que oferece gelatos clássicos italianos e também diversos sabores tipicamente brasileiros.

O estabelecimento permite a entrada de animais desde o seu surgimento, no ano de 2014, em uma área preparada para os bichinhos.

Segundo o analista de Recursos Humanos da empresa, Marcello Queiroz Santos, muitos clientes que frequentam o local têm a necessidade de levar o animal, pois não gostam de deixá-los trancados em casa.

“Nós avaliamos que é importante que o cliente possa viver os momentos do dia a dia na companhia do seu animal de estimação”, conta o analista.

A presença de animais é constante no estabelecimento, principalmente nas sextas, sábados e domingos. Muito disso se dá ao fato de que o local oferece um espaço feito para os bichinhos, com bacias de água e um balcão onde os clientes podem comprar sorvetes preparados especialmente para os pets.

“Temos diversos sabores, entre eles banana, maracujá e cenoura”, explica Marcello.

Os sorvetes são feitos com iogurte orgânico sem lactose e sem açúcar, fruta fresca e no lugar do palito de madeira tem um ossinho comestível.

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Em Maceió, uma empresa que se destaca é a sandubaria The Black Beef, que desde seu surgimento, quando ainda era um food truck, disponibilizava vasilhas com água para os animais e estimulava as pessoas a irem com os pets para o local.

Segundo Deco Sadigursky, chef e fundador do estabelecimento, a ideia de abrir as portas para os animais foi motivada pelo fato dele gostar muito de cachorro – tendo, inclusive, adotado quatro.

“Sempre quis ter um lugar onde o cliente não precisasse deixar o seu animal de estimação do lado de fora para poder entrar, comprar um hambúrguer e depois sair para pagá-lo de volta. Isso é muito incômodo. Então resolvi ser 100% Pet Fiendly”, explica o fundador da sandubaria.

A empresa, que tem lojas espalhadas pelo Brasil, recebe muitos animais todos os dias, principalmente nos finais de semana.

“Alguns domingos em Brasília são mais de 30 cachorros na nossa área externa. Isso mostra que a iniciativa é algo muito bem aceito pelo público”, diz Deco.

O pet que visita o local tem algumas mordomias. O menu totó oferece sorvete, que é servido com biscoito canino.

“O nosso sorvete foi passado por testes em clínicas veterinárias. Temos um laudo aprovando o sorvete para o cachorro, exceto quando ele é intolerante à lactose. Esse laudo tem validade nacional e é assinado pelo conselho veterinário”, conta o chef.

Para o Deco, existia uma demanda reprimida de pessoas que moravam sozinhas e tinham os animais como única companhia diária.

“Com o aumento de pessoas solteiras no mundo todo, cresceu também o número de animais domésticos, já que eles são uma companhia. Nós decidimos atender essa demanda”, explica o empresário.

“No ano que vem estaremos lançando o mini-burger para cachorro, preparado com um pão feito especialmente eles e recheados com carne. Agora o animal vai ter o lanche completo”, revela Sadigursky.