Foto: Reprodução

Bioconstrução é o termo utilizado pela indústria da construção civil para definir o desenvolvimento de edificações com preocupação ecológica e características sustentáveis. Na tentativa minimizar a agressão ao meio ambiente, a indústria já criou mecanismos para transformar biodegrantes ou material reciclável em tijolos.

A Agreste Saneamento, Parceria Público-Privada (PPP) para a ampliação, recuperação, operação e gestão do sistema produtor de água em municípios alagoanos, utiliza os resíduos gerados pelo tratamento de água para a fabricação de tijolos ecológicos. Ou seja, transforma lodo em blocos de sustentação para construção de paredes.

Além da ideia sustentável de reuso e de redução dos impactos ambientais, o reaproveitamento do lodo é uma alternativa capaz de reduzir os custos operacionais com o descarte do material em aterro sanitário.

Segundo Guilherme Dias, diretor da Agreste Saneamento, o destino final do lodo é um dos grandes desafios enfrentados pelas concessionárias.

“As vantagens na incorporação do lodo de ETA para fabricação dos tijolos são inúmeras, entre elas, o aumento na vida útil das jazidas de argila e a redução de áreas desmatadas para exploração de jazidas, economia de consumo de água para produção de tijolos e a qualificação e o licenciamento ambiental de cerâmicas para o adequado recebimento e manejo desse material, fomentando a economia da região. Também estamos nos adequando à Política Nacional de Resíduos Sólidos”, explica o diretor.

O descarte de 1.196 m³ de lodo já possibilitou a produção de 1,79 milhão de tijolos que são aplicados na construção civil. Mas, antes de ser utilizado como submatéria-prima para a produção do tijolo cerâmico, foram realizados diversos testes em laboratório que comprovaram a qualidade e a aplicabilidade do material.

A técnica consiste em aproveitar o lodo resultante da floculação, no qual ocorre a aglutinação das impurezas durante o tratamento da água. Após a decantação, as partículas aglutinadas vão para o fundo dos tanques por gravidade e a água separa-se do lodo. Posteriormente, o lodo é armazenado em bolsas para que ocorra a desidratação.

Tijolo de plástico

A companhia italiana Presanella Building System recicla o plástico para transformar em tijolos e outros materiais de construção necessários para obras – cofragens, iglus, tijolos e até vigas para sustentação do telhado.

Para construir uma casa de 80 m², por exemplo, são reciclados cerca de 2500 kg de plástico. O tijolo, patenteado pela empresa italiana, permite a construção de casas com um padrão tecnológico elevado, em menor tempo e com custos reduzidos.

Além dos tijolos plásticos, para alicerçar as paredes são usados cimento diferenciado (que contribui para o isolamento térmico), isopor e água – os materiais fazem parte do Projeto Ecossistema, iniciativa que envolve toda a construção de uma casa.

A companhia italiana já iniciou a construção de casas inclusive no Brasil. Em parceria com a Propeller Representações, duas residências estão em processo construtivo na cidade de Maceió.

O maior diferencial da criação de tecnologias sustentáveis é o benefício de reduzir os impactos ambientais da construção civil, pois esta indústria é tida como grande responsável pela emissão de gases de efeito estufa.