O crescente número de habitantes em grandes cidades somado ao pouco espaço para novas construções trazem uma nova e forte realidade para este século: apartamentos com tamanhos cada vez mais reduzidos.

Novos empreendimentos já surgem com propostas de unidades menores, com o objetivo de conseguir acomodar mais gente em um só lugar.

Acompanhando esse movimento nascem as Tine Houses, moradias com tamanhos diminuídos que fora do país já têm muitos adeptos. Traduzindo, “tiny house” significa “casa minúscula”.

No Brasil, aos poucos, esta modalidade de moradia está se tornando conhecida entre as pessoas ganhando, inclusive, condomínios específicos para estas construções.

Mas quem vive nestes lugares tem as mini casas como uma filosofia de vida. O movimento cresceu em decorrência da necessidade de muitos em simplificar suas vidas, diminuir seus custos e reduzir o impacto ambiental.

O estilo de vida minimalístico atrai pessoas com desejo de parar de comprar coisas desnecessárias e deixar de lado móveis que não tem funcionalidade, servindo apenas como algo decorativo.

A Tiny House tem como conceito uma moradia prática, apenas com itens necessário para o dia a dia e fácil de limpar. Apesar disso, a ideia é um espaço aconchegante que traga a sensação de paz.

“Uma das principais características do movimento Tiny House é de você ter uma moradia de tempo integral e de qualidade, que vai te proporcionar o mesmo conforto que uma casa de tamanho tradicional”, pontual Isabel Albornoz, uma das fundadoras do portal Pés Descalços, que busca eliminar excessos de vida.

Um outro fator que atrai adeptos é que, geralmente, essas moradias também são móveis e podem ir com seus donos para qualquer lugar. Se você muda de trabalho, por exemplo, e este novo fica distante de onde você mora, você pode, no lugar de mudar para um apartamento ou casa mais próxima, transportar sua tiny house até o bairro ou cidade desejada.

Claro que existem alguns desafios, como por exemplo o fato de que tudo que for feito na casa afeta todos os moradores, já que não existem muitas divisórias e portas separando os ambientes.

Surgimento

O conceito Tiny House surgiu nos Estados Unidos no final dos anos 90, e teve seu maior crescimento desde 2007, após uma crise que causou uma bolha imobiliária no país.

Muitos atribuem à Jay Shafer a invenção das Tiny Houses. Ele é um dos principais defensores do movimento nos Estados Unidos e em 1997 desenhou e construiu sua primeira casa, com pouco mais de 8 m², quando estava em busca de uma alternativa mais confortável do que o trailer que morava a 2 anos.

Ao site Life Edited, Jay disse que seu objetivo era construir uma casa eficiente, onde tudo fosse útil e fizesse sentido, e quando ele tirou do projeto todas as partes da casa que considerava desnecessárias, se deparou com uma casa extremamente pequena. A construção foi feita sobre uma base de trailer, mas com um visual externo e ambientes internos de uma casa.

Otimizar os espaços é o segredo para conseguir aproveitar cada pedaço da moradia de forma inteligente. As casas quase nunca passam de 40 m², mas podem ter menos de 10 m². Arquitetos desenvolvem soluções práticas e móveis embutidos, que vão de uma cama embutida na parede que o morador abre apenas quando for dormir, até uma mesa de cozinha que surge quando o espaço da cama é liberado.

Um dos grandes tabus das mini casas é o banheiro. Mas existem várias alternativas. Uma solução moderna e prática chamada “privada seca” funciona como uma espécie de composteira.

Mas também é possível produzir modelos com caixa de detritos e caixa d’água, conforma a necessidade de cada cliente ou ainda existe a possibilidade de conectar a Tiny House a um sistema comum de água e esgoto.

O projeto de grande parte das Tiny Houses também conta com luz, água quente, internet e até terraço.

Esse novo jeito de morar, no entanto, não é muito barato. No Brasil, os preços variam de acordo com o tamanho das casas e dos acessórios escolhidos pelo cliente, podendo chegar, em algumas empresas, a até R$ 180 mil reais.

Em abril deste ano, a cidade de Curitiba ganhou o primeiro condomínio para Tiny Houses. O espaço é ao lado do Parque Birigui e pode receber até 25 unidades das pequenas habitações. São três modelos disponíveis para compra: Plus, de 25 m² por R$ 40 mil; Small, de 12m² por R$ 25 mil; e Travel, de 9 m² por R$ 20 mil.

O condomínio tem uma taxa considerada barata, R$ 190,00, com direito à área de churrasqueira, piscina, deque, lavanderia compartilhada e bicicletário. Contas de água e luz são cobradas individualmente.

Um passo importante para os adeptos brasileiros foi o recente surgimento de duas fábricas voltadas para este tipo de moradia no estado de São Paulo: as empresas Micro Casa Brasil e Tiny House Br.

“A criação de uma fábrica inteira focada para a construção de tiny houses é importante porque a gente ganha alternativas de poder comprar através de uma empresa que já emitiu a responsabilidade de homologação”, explica Robson Lunardi, fundador do portal Pés Descalços, em vídeo disponível na internet.

Com menos espaço, contas básicas como água, luz e supermercado diminuem. Além disso, adeptos relatam que, com pouco espaço para ocupar, naturalmente se compra muito menos.

Um levantamento feito e publicado pela Living Big in a Tiny House mostou que 55% das pessoas que vivem em uma Tiny House tem mais dinheiro guardado do que a média americana.

Onde parar

As Tiny Houses são, na maioria das vezes, preparadas para se locomover. O site Pés Descalços preparou um material explicando onde é possível para a moradia.

“Você até pode parar em vias públicas e passar alguns dias estacionado ali, mas para isso precisa antes pedir autorização na prefeitura local ou órgão responsável. No caso de algumas cidades pequenas, você pode até pedir autorização para estacionar em vias públicas por até 3 meses”, explica o artigo.

No Brasil existem dezenas de campings preparados para receber Trailer e Motorhomes, e são justamente esses que tem espaço e estrutura para receber uma Tiny House. Em muitos deles é possível pagar um aluguel mensal pelo espaço que ocupar, podendo ser então o local fixo de sua residência.

“Esses Campings geralmente oferecem água e luz já inclusos no valor do aluguel e grande parte deles dispõe de uma área de lazer de qualidade, com churrasqueira, piscina, quadras de esportes, etc”, orienta o texto.

Outra opção é estacionar sua Tiny House em um terreno próprio ou alugado. Nestes casos, se dispõe com mais facilidade de abastecimento de água, energia elétrica, além de poder fazer um jardim ou horta.

Se a ideia é estacionar a Tiny House em um terreno que ainda não tem nenhuma edificação instalada, deve-se verificar o Código de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo da Cidade para ver se existe alguma regra com relação a metragem mínima das habitações do local.