A expectativa de crescimento do PIB em 0,5% em 2017 pode ser um sinal de que a recessão da economia brasileira estancou. Mas, de acordo com o economista Cícero Péricles, a recuperação continua contaminada pelo ambiente de incertezas, que desestimulam maiores investimentos e impedem a retomada efetiva do crescimento.

Para o economista, as eleições de 2018 serão decisivas para a mudança de comportamento da economia. “Um cenário que somente deverá ser modificado com a superação do deteriorado quadro político nacional, em 2018”, avalia.

Ações positivas feitas pela equipe econômica do governo federal, como a queda da inflação e a liberação de recursos do FGTS, possibilitaram a movimentação da economia do Brasil inteiro em setores como comércio e serviços, por exemplo. Mas, com um desenvolvimento econômico limitado do estado, Alagoas nem sempre acompanha a tendência nacional.

“Alagoas tem uma economia pequena, pouco industrializada, fortemente dependente da conjuntura nacional e das relações com o governo federal, com a União […]. A ausência de muitos investimentos públicos e a existência de 223 mil desempregados no estado e um saldo negativo, para este ano, até agosto, de 33 mil carteiras assinadas, diminuem as possibilidades de uma rápida volta ao crescimento e, portanto, ao consumo”, comenta Péricles.

Já o mercado imobiliário sofreu, principalmente no biênio 2015/2016, com os impactos negativos dos cortes orçamentários do governo federal destinados à habitação popular e com as elevadas taxas de juros para financiamentos tanto para continuidade das obras da construção civil quanto para a aquisição de imóveis do consumidor.

“Há um esforço do segmento no sentido de criar um clima favorável aos negócios, como o anúncio de alguns lançamentos e a realização de feiras imobiliárias, mas este esforço esbarra na realidade da queda de renda da população assalariada e da insegurança dos setores de classe média, seus dois maiores clientes. Na verdade, as boas notícias devem ser lidas como sinais positivos de que o pior da crise passou, mas não é ainda a chegada da retomada do crescimento, que somente poderá acontecer com taxas mais altas de crescimento, com subida da renda dos setores compradores e com mais recursos para o financiamento de novos empreendimentos”.

As boas notícias devem ser lidas como sinais positivos de que o pior da crise passou