A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou um estudo preliminar dos efeitos da pandemia no mercado imobiliário nacional. A pesquisa foi realizada com mais de 350 empresas do setor da construção civil em todo o Brasil.

Fábio Araújo, sócio da Brain Inteligência Corporativa.

“É muito importante frisar que a pesquisa foi feita com empresas consolidadas no mercado, a maioria delas, 73%, com mais de 11 anos de atuação, e tem o objetivo de ajudar toda a cadeia da construção civil a se planejar para os próximos meses”, explica Fábio Araújo, sócio da Brain Inteligência Corporativa.

Na primeira pesquisa feita em março, apenas 17 estados participaram. Já a avaliação de abril contemplou todas as unidades federativas. Em ambas São Paulo foi o estado com o maior número de empresas, correspondendo a 33% e 24%, respectivamente.

54% das empresas entrevistadas declararam ter utilizado algum das medidas permitidas pelo governo federal com seus colaboradores – suspensão de contrato, férias coletivas e redução de jornada, por exemplo. Mas as empresas seguem vendendo durante a pandemia. Esta foi a resposta de 56% delas, resultando em 3.870 unidades habitacionais vendidas. “Outro dado muito importante é que 55% das negociações tiveram início depois do dia 20 de março”, frisa Fábio Araújo.

Os empresários querem postergar o lançamento de seus empreendimentos em 120 dias ou adiar sem previsão para começar. Menos de 15% das empresas pretendem manter as datas de lançamentos programadas antes da pandemia. “Adiaremos portanto o ingresso de investimentos no mercado imobiliário”, avalia o executivo.

A queda significativa ou muito acentuada na busca por imóveis de forma presencial é uma queixa de 72% das empresas. “Na prática, as empresas que estavam atuando de forma online em todas as etapas (ou na maior parte do processo) de vendas sentiram menos a queda. E 24% delas não sentiram queda na busca por imóvel online. Ou seja, quem ainda não está preparado, precisa pisar no acelerador para vendas online com toda a jornada sendo feita de forma virtual”, pontua Araújo.

A intenção do consumidor também foi analisada na pesquisa. Em uma seleção de 600 pessoas que verdadeiramente tinham a intenção de comprar um imóvel no biênio 2020/2021, em março, 45% das pessoas haviam desistido de adquirir momentaneamente um imóvel. Já em abril, o número subiu para 53%. “A palavra de ordem para a desistência das pessoas é a incerteza quanto ao futuro”.

Antes da pandemia, num âmbito maior, de toda a população brasileira, 43% das famílias desejavam adquirir um imóvel. Depois da pandemia, este número caiu drasticamente para 20%.

“Mas nós temos uma demanda que nenhum outro segmento tem, que é a demanda por necessidade. Muitos casamentos, divórcios e nascimentos a cada ano. A vida continua e a pessoa até pode não comprar um carro, por exemplo, mas não tem como deixar de morar. Este universo de 20% é muito significativo”.