Em 2019, o Minha Casa Minha Vida chega aos 10 anos de existência. O programa de habitação popular representa, hoje, dois terços de todo o mercado imobiliário brasileiro, com uma hegemonia que vai além dos resultados econômicos e abrange o próprio imaginário brasileiro: enquanto você lê esse texto, tem mais gente pesquisando por Minha Casa Minha Vida no Google do que a soma de todos os brasileiros que pesquisam por financiamento Caixa e financiamento Banco do Brasil.

O orçamento destinado ao programa nas contas do governo, neste ano, foi o mais baixo desde a sua criação, apenas R$ 4,6 bilhões. E os cortes não pararam por aí. Em meio ao controle de gastos, os repasses ao Minha Casa Minha Vida atrasaram no primeiro bimestre de 2019, gerando paralisação de obras e atraso na assinatura de contratos.

A reação foi generalizada: prefeitos, governadores, deputados e empresários bateram na porta do governo. A resposta foi a liberação de R$ 700 milhões para regularizar os atrasados, o fim do teto mensal do FGTS para as faixas de renda mais baixas e a promessa de um adiantamento de R$ 1,3 bilhão em recursos, de março a setembro.

Enquanto isso, construtoras, imobiliárias e corretores administram os ânimos exaltados de clientes. Analisamos os principais desafios que a incerteza sobre o Minha Casa Minha Vida impõe ao marketing imobiliário.

Sobre o futuro do programa, o mestre em administração pública pela Universidade Harvard e fundador do Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole (Urbem), Philip Yang, defende que sem uma mudança radical, o Minha Casa Minha Vida deveria acabar.

E esta nem é a pior notícia associada ao programa neste ano. Há registros de pelo menos uma ocupação ilegal de condomínios inteiros por milícias, o esvaziamento de construções novas que já apresentam risco de tombamento e a geração de “bairros fantasma” em empreendimentos que tiveram suas obras abandonadas. No Carnaval do Rio, uma escola de samba chegou a dar o nome do programa a um carro alegórico, em critica às “condições precárias de moradia, em casas minúsculas”.

 

Fonte: Imobireport