Projeção digital do Core Pinheiros, da incorporadora You | Foto: Reprodução

Em São Paulo, coração financeiro do Brasil, alguns dos mais icônicos condomínios são prédios de uso misto, ou seja, conectam o uso comercial ao residencial. Isso ocorre há anos, porém ganha força na era da praticidade e dos desafios crescentes de mobilidade. A tendência já voltou a chamar a atenção de incorporadoras, que preparam lançamentos que podem, a longo prazo, mudar o mercado imobiliário.

O Copan, na Avenida São Luís, além do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, são exemplos marcantes desse condomínio híbrido. Em 2014, o próprio Plano Diretor da capital paulista incentivava esse tipo de empreendimento, oferecendo, inclusive, benefícios. “A mobilidade é uma das razões para o Plano Diretor incentivar o uso misto. Mas há uma falha para este conceito funcionar, que é o problema do transporte público”, disse Carlos Borges, vice-presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) em entrevista ao Estado de S.Paulo.

Ainda não há dados claros sobre o crescimento de prédios mistos, já que essa descrição não é contemplada em cadastros oficiais. No entanto, há pelo menos seis lançamentos com o conceito previstas para 2020. Só uma das empresas, a SKR, tem três projetos do tipo em andamento. Eles aliam torres residenciais com lojas no térreo, nas zonas oeste e sul da capital paulista.

Outro projeto de mixed use é o Cidade Matarazzo, tocado pelo grupo Allard, na Avenida Paulista. Ele vai reunir hotel, flat, salas corporativas e serviços. Em março passado, a incorporadora You lançou seu segundo híbrido, o Core Pinheiros, que terá serviços voltados à saúde com salas para clínicas e um espaço de exames do Hospital Albert Einstein.

“Temos situações de ganha-ganha. Mas é cedo para analisar se o modelo deu certo. A estratégia de venda é diferente pra a parte não-residencial, é preciso investir em segurança, iluminação… E a sociedade também tem de se acostumar”, analisou o presidente do Secovi-SP.