Apesar da pandemia da Covid-19 ter provocado uma segunda onda de infecção mais agressiva no Brasil, a inadimplência nos alugueis de imóveis residenciais e comerciais de São Paulo encerrou o primeiro trimestre de 2021 no menor índice desde abril do ano passado. É o que revela o Índice Periódico de Mora e Inadimplência Locatícia (IPEMIL), medido pela Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC).

Segundo o levantamento, o índice de inadimplência nos alugueis atingiu o patamar de 1,82% em março deste ano, o que representa uma queda de 0,23% em relação ao mesmo mês de 2020, que havia fechado em 2,05%. O indicador de março é o menor registrado pela pesquisa da AABIC desde abril de 2020, quando o IPEMIL chegou a 1,13%.

Vale ressaltar que a inadimplência é o não pagamento até 90 dias após a data do vencimento.

Mesmo com os efeitos da pandemia na economia brasileira, o IPEMIL mostra que o índice de inadimplência se manteve relativamente equilibrado, com o maior registro em julho do ano passado, 4,25%, e tendência de queda a partir de setembro.

No balanço do primeiro trimestre de 2021, por exemplo, o índice médio de inadimplência ficou em 1,96%, semelhante ao mesmo período de 2020, que oscilou 1,32%.

Bom senso

Segundo o presidente da AABIC, José Roberto Graiche Júnior, o baixo patamar de inadimplência demonstra que o bom senso e as negociações, geridas pelas administradoras, entre proprietários e inquilinos prevaleceram no enfrentamento à crise econômica.

Por isso, avalia o dirigente, “o contexto reforça que não cabe interferência dos Poderes Executivos e Legislativo nas negociações de valores no mercado de alugueis, conforme propõem setores da economia”.

Atualmente, a lei permite a livre pactuação entre as partes para eleição do índice de reajuste do aluguel.

Na avaliação do presidente da AABIC, o IGP-M é o índice que melhor retrata a realidade de inflação dos negócios, se analisar um período mais longo.

Além disso, diz Graiche Júnior, o mercado de locação tem consciência de que os acordos e negociações são capazes de absorver variações atípicas.

“A inadimplência baixa e a tendência de queda refletem o equilíbrio de mercado, que atualmente é livre para utilizar o índice mais adequado, o que descarta a necessidade de interferência dos Poderes”, avalia o dirigente. “O mercado é suficientemente maduro para negociar valores com bom senso, mesmo com uma alta pontual do IGP-M. A interferência na legislação vai travar essa autorregulação“, pontua.

Ainda de acordo com levantamento da AABIC, a vacância de imóveis destinados a locação em São Paulo mantém a taxa de aproximadamente 25%. Antes da pandemia, o percentual de empreendimentos vagos era de 18%.

Ou seja, a proliferação da Covid-19 afetou principalmente a locação de imóveis comerciais, que registra 38% da carteira das associadas desocupados, quase o dobro de março do ano passado, que apontava 20% de vacância. Considerando o segmento residencial, a 18% do total seguem vagos, ante 9% registrados há um ano.

Inadimplência Condominial   

O levantamento da AABIC mostra que a inadimplência no pagamento de boletos condominiais também encerrou o primeiro trimestre de 2021 com tendência de queda. O IPEMIC (Índice Periódico de Mora e Inadimplência Condominial) ficou em 2,17% em março, ante o índice de 2,28% registrado em igual período do ano passado. O IPEMIC de março deste ano também é o menor índice registrado para este mês desde o início de medição, em 2004. O indicador representa que os condôminos estão, cada vez mais, mantendo a taxa condominial em dia.

Para o presidente da AABIC, a pandemia fez com que os condôminos valorizassem o local onde vivem e os serviços prestados nos empreendimentos. “O pagamento da taxa condominial é importante para manter o local nas melhores condições, como limpeza, segurança e atendimento. Além disso, os condôminos percebem cada vez mais e valorizam a importância da qualidade nesses serviços prestados para garantir o bem-estar”, finaliza.