Viver em condomínio nem sempre é uma tarefa fácil. Afinal, pessoas de diferentes pensamentos e ideologias ocupam espaços cada vez menores. E, quanto maior o número de moradores, maior a dificuldade de alinhar a harmonia. A pandemia do COVID-19, sem dúvidas, reforçou este entendimento, poisos condomínios nunca concentraram tantas pessoas ao mesmo tempo.

Para José Roberto Graiche Júnior, Presidente da AABIC, Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo, é importante estar atento para as novas dinâmicas e demandas nos condomínios.

“Tanto os síndicos, quanto as empresas administradoras, constataram mudanças nos tipos de reclamações e aumento de queixas reportadas. Conflitos mais comuns relacionados a problemas hidráulicos, uso de áreas comuns e das garagens deram lugar a questões ligadas a aumento de barulho, a maioria em razão do isolamento social que levou moradores a passarem mais tempo em casa, seja trabalhando em home office ou estudando online”, comentou Graiche.

O síndico nunca foi tão acionado quanto agora. O comportamento em condomínio ficou mais sensível e aflorado. O vizinho do andar de cima resolveu iniciar uma pequena reforma. O morador debaixo, resolveu se dedicar a tocar bateria. As crianças do vizinho não param de correr no hall. E, com estes novos hábitos, as reclamações se multiplicaram em alta velocidade.

Papel conciliador

Diante de situações novas e desafiantes como essa, atuar rapidamente promovendo o diálogo, individual ou entre as partes, continua sendo uma das melhores saídas para resolver situações. Nesse cenário, o papel conciliador do síndico faz a diferença e contribui para a redução dos desgastes entre moradores.

Outro ponto destacado pela AABIC, é que a crise sanitária evidenciou casos envolvendo violência doméstica – seja contra a mulher, o idoso ou a criança.

“É essencial que o síndico e os funcionários sejam capacitados para saber como agir em ocasiões de conflito, principalmente as que envolvem violência. O reforço da comunicação e a criação de procedimentos têm sido um trabalho importante para até mesmo evitar tragédias”, acredita o presidente da entidade.

Em outras palavras, para Graiche, os condomínios são pequenos recortes do real comportamento da sociedade. “Portanto, criar uma cultura de respeito, ainda mais em um contexto de coletividade, deve ser uma prioridade recorrente para a comunidade. Sempre que necessário, é importante estimular as pessoas a se adaptarem e reconhecerem a importância da convenção e do regulamento interno, bem como dar espaço para que os moradores pontuem problemas e tirem dúvidas em assembleias”, opina ele.