Está suspensa desde a última sexta-feira (28) a decisão da prefeitura de demolir seis prédios do condomínio Figueiras do Itanhangá, na Muzema, onde duas construções desabaram em abril, deixando 24 mortos. A decisão de suspender as demolições atende um pedido da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que argumentou que a medida poderia causar prejuízos aos moradores, tendo em vista que não foram apresentados dados suficientes para corroborar a ideia de que há riscos nas construções.
Pelo menos 45 famílias tinham recebido notificações para deixarem suas casas num prazo de 72 horas, que venceu na sexta-feira. A decisão da justiça, no entanto, não revogou essa data limite.

“Queremos que a prefeitura apresente laudos sobre a situação de cada prédio”, afirmou Valdir Lima, representante de uma comissão de moradores, ao O Globo.

Para a defensora pública Maria Júlia Miranda ressalta que a suspensão é essencial para que a possibilidade de recuperar essas construções e regularizá-las seja verificada.

As demolições estavam previstas para começarem no início da semana que vem. “Os materiais que permanecerem no interior do imóvel serão encaminhados para o depósito público da prefeitura, com o apoio policial, se necessário, e somente serão retirados mediante os devidos procedimentos administrativos”, dizia o texto colado nas portas das famílias na última terça-feira.

A Secretaria municipal de Infraestrutura e Habitação, sustenta que, além de problemas estruturais, a área do condomínio é de preservação ambiental, e o solo da região apresentaria “risco geotécnico grave”.
Agora, caso a prefeitura descumpra a ordem judicial, estará sujeita a multa de R$ 30 mil por edifício demolido.

A liminar, no entanto, não acaba com a apreensão dos moradores, que protestaram. A supervisora de restaurante Daniele Rodrigues juntou, por anos, cada centavo para comprar seu apartamento. A casa própria era uma promessa que ela tinha feito a sua mãe. Quando a família se mudou para a Muzema, em fevereiro de 2018, escapava da guerra do tráfico na Rocinha, que já durava meses. Era também a realização de um sonho, que, nos últimos meses, virou pesadelo.

“Tudo o que tinha empreguei nesta casa. A cor da parede, o detalhe da cozinha, cada pedacinho do apartamento foi planejado. Agora parece que esse sonho está escorrendo das nossas mãos. Estamos pedindo socorro”, disse a moradora em entrevista ao O Globo.