O reajuste da taxa condominial é um dos motivos que mais gera embates entre moradores e síndicos em condomínios, afinal, tudo que mexe no bolso do inquilino acaba sendo um incômodo. Mas, um bom cálculo resulta em uma taxa de codomínio justa.

O processo que define o novo valor da mensalidade deve ser detalhadamente explicado aos moradores, a fim de evitar problemas. Número de unidades, inadimplência, consumo de água, manutenções, serviços oferecidos pelo condomínio, como gás e academia são alguns dos fatores que influenciam no valor do condomínio.

Para a contabilista e administradora especializada em gestão predial, Rosely Schwartz, a previsão deve ser feita com bastante atenção, para que realmente reflita as necessidades do condomínio no próximo período.

“Deve-se verificar as médias das despesas do ano anterior, os reajustes previstos e as manutenções e reparos que serão realizados no próximo período”, detalha à imprensa.

A periodicidade do reajuste estabelecida em lei federal é de no máximo um ano e precisa ser aprovada em assembleia no primeiro trimestre, apesar disso, caso haja necessidade de alteração do valor, para mais ou para menos, o cálculo poderá ser revisto em qualquer outra oportunidade.

Para quem mora em condomínio, a taxa condominial é um compromisso ‘eterno’, pois a mensalidade é a garantia da estrutura e dos serviços em pleno funcionamento.

O dentista Carlos Alberto Macedo é síndico há 20 anos. Atualmente administra os dois condomínios que mora: o Port Ville III, em Maceió e o Arquipélago do Sol, na Barra de São Miguel.

“Para decidir o reajuste da taxa condominial eu apresento as contas anuais do condomínio e divido pelo número de condôminos. Nessa conta entra energia, elevador, água, gás, segurança, a administradora e material de limpeza, por exemplo, bem como despesas que não são mensais mas que são necessárias todo ano, como dedetização”, explica Macedo.

A soma dessas despesas mensais e anuais é dividida pelo número de unidades que o condomínio tem e depois pelos 12 meses do ano.

Além disso, sempre se inclui no valor do condomínio um fundo de reserva, para caso de imprevistos, que representa 10% da soma das despesas mensais e anuais.

“A reserva é colocada na taxa mensal para cobrir alguma despesa de um condômino que não pague. Entretanto, o condomínio precisa de uma equipe jurídica eficiente para que a inadimplência não cresça muito, senão chega o momento que vai ser necessário aumentar o valor do condomínio porque, devido a inadimplência, não está sendo possível quitar as contas”, pontua o síndico Carlos.

Ou seja, a inadimplência pode ser um fator decisivo para o aumento da taxa do condomínio. Em um caso como esse, onde a inadimplência causa o reajuste, todos os condôminos acabam pagando o preço da irresponsabilidade do outro.

O número de unidades de determinado condomínio pode ter influência direta no valor da taxa – o que inclui aqueles compostos por várias torres. Isso porque, quando o rateio é dividido entre mais moradores, o montante será proporcionalmente menor. Nesse quesito, edifícios com poucos apartamentos muitas vezes possuem o mesmo número de funcionários de outros maiores, o que costuma pesar em até 70% das despesas.

Sobre a resistência dos moradores ao reajuste, o síndico Carlos Alberto Macedo diz que sempre tem um ou outro que acha que não há necessidade de reajuste, porém, a assembleia soberana sempre reconhece que não tem como fugir do aumento. “É como uma mesa de bar, o que comeu tem pagar, agora se todos vão pagar é outra história. No caso do não pagamento o compromisso é cobrado judicialmente”, revela Macedo.

Sem apertos

A inadimplência em condomínio, infelizmente, é algo comum. Muitos síndicos acabam enfrentando problemas em suas administrações pela falta de pagamento do condomínio. Essa situação pode acabar prejudicando todos os moradores, que têm que arcar com as consequências através de aumento no valor da taxa condominial para que o síndico consiga pagar todas as contas.

Para o educador financeiro Érlon Barros, o motivo dessa inadimplência é a falta de planejamento. “As pessoas não se organizam em relação ao que tem de entrada e o que tem de saída, deixando o condomínio como segunda, terceira ou quarta opção por falta de um planejamento maior. Se a pessoa se planejar, provavelmente vai conseguir pagar e priorizar o condomínio”, destaca Érlon.

Uma boa estratégia utilizada por condomínios é dar desconto quando o pagamento é feito até o vencimento. “Nesses casos, como o pagamento após o vencimento vai gerar juros, acredito que a inadimplência vai ser menor, afinal, as pessoas geralmente priorizam as contas que tem juros maior”.

“Se a pessoa se planejar, provavelmente vai conseguir pagar e priorizar o condomínio”

Érlon Barros – Consultor Financeiro

Agora se você já está com meses do pagamento do condomínio em atraso e não sabe como sair dessa situação, calma, não precisa se desesperar! O caminho para a solução do problema é o diálogo. Érlon Barros atenta para a importância de conversar com o condomínio e tentar parcelar a dívida em vários meses para conseguir pagar.

“Vamos supor que o condomínio custa R$ 500 e a pessoa está deveno 5 mil reais. O ideal é começar a pagar os R$ 500 todo mês e tentar negociar para conseguir pagar esses 5 mil atrasados em 20 prestações de R$ 250, por exemplo”, explica Érlon chamando atenção para a importância de ter planejamento para conseguir resolver o problema e não correr o risco de no final das contas não ter esses R$ 250 todo mês.