O Brasil registrou 12.895 casos de suicídio no ano de 2020, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho. A campanha Setembro Amarelo, em vigência a partir desta quarta-feira (1º), alerta para a importância da prevenção ao suicídio e da valorização da vida e da saúde mental.

Para a psiquiatra do Seconci-SP, Amara Alice Darros, é necessário chamar a atenção para este grave problema de saúde pública, que é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, ficando atrás apenas dos acidentes de trânsito. “Ainda há um grande preconceito relacionado às doenças da mente e o estigma em procurar o psiquiatra, visto como ‘médico de louco’. Isso atrapalha a busca por ajuda. As pessoas deveriam ver as doenças de saúde mental como as demais, pois elas são tratáveis”, afirma a médica.

Os estados que apresentaram maior número de suicídios em 2020 foram São Paulo, Minas Gerais e Porto Alegre, nessa ordem. Segundo o Ministério da Saúde, 96,8% dos suicídios estão relacionados a transtornos mentais. O primeiro deles é a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias lícitas e ilícitas.

Desemprego, separação conjugal, doenças crônicas ou de longo período de tratamento e abusos físicos e sexuais são alguns fatores que podem levar pessoas em vulnerabilidade emocional a tirar a própria vida. A pandemia aumentou esses riscos. “Este momento excepcional que estamos vivendo, em razão da pandemia da Covid-19, marcado pelo isolamento social, o medo de contrair a doença e as questões socioeconômicas advindas dessa crise mundial, também pode contribuir para esse quadro”, explica a psiquiatra.

Segundo a psiquiatra, trata-se de um problema orgânico, alterações biológicas, uma desregulação das funções psíquicas cerebrais, algo que exige um tratamento complexo e delicado, associando muitas vezes a medicação com psicoterapia. “Nem sempre a pessoa apresenta um perfil triste e desmotivado. Alguns não dão sinais claros de que estão em sofrimento, por isso, é fundamental olhar o outro, ter empatia, se interessar pelas pessoas da sua convivência, seja um familiar, amigo ou colega de trabalho”, aconselha Amara Alice Darros.

Por fim, a médica salienta a importância de buscar tratamento quando há um quadro de depressão ou de pensamentos negativos e ligados à morte. “Seja qual for o caminho, o importante é superar qualquer tipo de preconceito e procurar ajuda psiquiátrica. O suicídio é um problema grave, mas que pode perfeitamente ser evitado”, fala.

Diante de uma situação crítica e emergencial, a recomendação é se dirigir a um pronto-socorro, que disponha de psiquiatra ou ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV), no número 188.