Maia disse que capitalização da previdência não deve passar no Congresso | Foto: Divulgação

Em evento promovido pela Goldman Sachs, em São Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o sistema de capitalização da nova Previdência, idealizado pelo ministro da Economia Paulo Guedes, não tem chance de ser aprovado conforme foi apresentado aos parlamentares. A conversa ocorreu ontem (1), de portas fechadas, porém, segundo um dos participantes, Maia disse que a aprovação da reforma da Previdência só seria possível se a reforma trouxesse uma economia fiscal de R$ 1 trilhão em dez anos. Semanas atrás, Paulo Guedes disse que desistirá da ideia se o impacto da reforma for reduzido no parlamento.

Segundo informações, o encontro com investidores foi com fins conciliatórios e Rodrigo Maia adotou um tom otimista em relação ao avanço do projeto no Congresso. “Pela primeira vez, Maia demonstrou que essa nova política do governo pode funcionar, com mais poder para o legislativo”, afirmou um dos investidores ao Valor Econômico.

Segundo Maia, o perfil do Congresso atual não é muito diferente da legislatura anterior. A principal mudança é na oposição, que cresceu e conta com 140 deputados. O presidente da Câmara também destacou a participação de governadores na discussão acerca da reforma da Previdência. Com o governo sem maioria parlamentar, o diálogo com os Estados será o ponto-chave para uma possível aprovação.

Maia disse aos investidores que o Congresso está em um “quase consenso” sobre a necessidade de uma reforma na Previdência e que é natural que pontos da proposta sejam discutidos. Ajustes no Benefício de Prestação Continuada (BPC), aposentadoria rural, ou a alíquota efetiva dos servidores, são alguns dos pontos questionados. De maneira geral, não é proposta no todo que está sendo questionada, mas pontos específicos e a regra de transição.

“Nada vai acontecer se nós não organizarmos as despesas do Estado. Se não organizar o lado da despesa, como o Brasil vai ter espaço para investimento?”, afirmou Maia, no evento. “Temos hoje um orçamento de fato com 94% de despesas obrigatórias e capacidade de investimento do orçamento primário de R$ 1 trilhão”, disse. Segundo o presidente da Câmara, “mesmo com a aprovação da Previdência, o principal é organizar as despesas do Estado”. Maia evitou falar com a imprensa no evento.